23 nov, 2021 - 20:15 • Ana Lisboa
O Seminário na Namaacha foi o primeiro seminário da Igreja Católica, em Moçambique. O edifício "conheceu muitas histórias, muitas desventuras", conta a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre.
Agora, a Igreja moçambicana quer transformá-lo num centro diocesano de espiritualidade. E, para isso, pediu ajuda à AIS.
O antigo Seminário fica localizado a cerca de 75 quilómetros da capital, Maputo, mas muito perto da fronteira com a Suazilândia e a apenas cerca de cinco quilómetros da África do Sul.
O edifício foi "confiscado logo após a independência, em 1975, e só regressaria às mãos da Igreja, em muito mau estado, quase duas décadas depois, em 1994. Pelo meio, ainda haveria de ser palco de confrontos armados durante os duros longos anos da guerra civil, que alguns buracos de balas testemunham silenciosamente numa das suas paredes principais".
O Padre Claúdio dos Reis "é hoje em dia o responsável por este edifício que a Arquidiocese de Maputo reconverteu em Centro Diocesano de Pastoral e Espiritualidade e é, seguramente, uma das pessoas que melhor conhece a sua história".
O sacerdote conta que "durante o tempo em que o antigo Seminário esteve confiscado à Igreja, as instalações foram-se degradando, chegando ao ponto de várias famílias terem ido viver para lá, transformando-o num abrigo temporário. Depois da entrega, tentou-se fazer alguma coisa, mas só em 2010 é que uma equipa de sacerdotes e de religiosas começou a trabalhar no centro, procurando revitalizá-lo como um espaço importante para a vida da igreja moçambicana".
Atualmente, "o Centro funciona como local de formação para a pastoral e para a espiritualidade", mas está a precisar de obras.
O Padre Claúdio Reis diz que "o edifício não é velho, mas está envelhecido, pois não foi tratado". E agora a "preocupação do Arcebispo D. Chimoio é a de criar condições mais dignas com a construção de pequenos quartos para uma melhor acomodação das pessoas".
Por isso, a Arquidiocese decidiu pedir ajuda à Fundação AIS, já que esta "é uma obra necessária, mas que ultrapassa a capacidade financeira da igreja nos dias que correm. Estamos realmente num país empobrecido e temos uma igreja que ainda tem de percorrer um certo caminho até à autossustentação. São obras grandes, mas que, segundo o meu ponto de vista, ajudam a concentrar as pessoas e criar condições para que, a partir deste lugar, possamos irradiar a espiritualidade, a formação humana, a formação social, a formação dos nossos cidadãos, sobretudo dos nossos jovens", explica o sacerdote que é o atual responsável por este Centro.