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Violência contra as mulheres. “Não nos podemos calar”

24 nov, 2021 - 18:06 • Ângela Roque

A responsável da rede mundial Talitha Kum, de combate ao tráfico humano, diz que o aumento da pobreza está a fazer crescer as situações de vulnerabilidade, e as mulheres continuam a ser as principais vítimas. À Renascença, Gabriela Bottani fala da campanha que vão lançar esta quinta-feira, Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres.

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A Talitha Kum é a rede internacional da vida consagrada que atua na área do combate ao tráfico humano. Criada em 2009, tem sede em Roma, mas está presente em 77 países, incluindo Portugal, e envolve cerca de duas mil religiosas de diferentes congregações femininas que por todo o mundo lutam contra a exploração laboral e sexual, e todas as formas de violência contra as mulheres. Em Portugal esse combate tem envolvido as irmãs Adoradoras, que entre outras coisas foram pioneiras na criação da primeira Casa Abrigo para vítimas de violência doméstica, e num projeto que resgata mulheres da prostituição.

Gabriela Bottani é missionária comboniana. Italiana, está à frente da Talitha Kum desde 2015. Em entrevista à Renascença explica que não podiam deixar de assinalar o Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres. E vão fazê-lo lançando um novo "Apelo à Ação", que já não se dirige apenas às congregações religiosas femininas que integram a rede.

“Este é um documento que foi trabalhado durante a pandemia, dando continuidade àquele que é o trabalho que já há muitos anos as religiosas vêm fazendo no combate ao tráfico de pessoas. É um alerta geral que estamos acostumadas a fazer para as irmãs, para a Igreja, mas pela primeira vez dirigimo-nos também aos governos, às organizações governamentais e intergovernamentais, para que continuem a comprometer-se com o combate ao tráfico, e a manter o trabalho de inserção económica e social das pessoas vítimas de tráfico e exploradas”, explica a religiosa.

A data de apresentação não foi escolhida ao acaso. “Acontece neste dia 25 de novembro, para reafirmar que a questão da violência contra as mulheres é uma prioridade do combate ao tráfico, pois a nível mundial as mulheres continuam a ser o grupo mais vulnerável, quer a nível económico, quer no acesso à educação de qualidade, no trabalho. E, sendo mais frágeis, são com mais facilidade recrutadas pelos traficantes”, sublinha Gabriela Bottani.

“O tráfico é só uma das violências que as mulheres sofrem no mundo”, diz a coordenadora da rede Talitha Kum, que alerta para a realidade da pobreza que a pandemia agravou, fazendo crescer as situações de vulnerabilidade. “A pobreza torna as pessoas mais vulneráveis ao tráfico e à exploração. Por isso temos de continuar a levantar a voz, e a ter atos de solidariedade com os nossos irmãos e irmãs. Isto não pode ser, não nos podemos calar!”, diz.

A nova campanha (Call to Action) vai ser lançada esta quinta-feira numa “tarde de diálogo” com vários convidados. No debate participam, para além de responsáveis da Talitha Kum, o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, e representantes das Nações Unidas, da Organização Internacional para as Migrações e do movimento das Religiões pela Paz, entre outros.

“É preciso mostrar que cada vez mais temos de estar juntos para combater cada forma de violência, todas as formas de exploração, para promover a dignidade de cada pessoa no mundo”, sublinha Gabriela Bottani.

O debate online vai decorrer entre as 15h e as 17h, e pode ser acompanhado nas páginas da rede Talitha Kum no Facebook e YouTube, com possibilidade de tradução em língua portuguesa.

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