02 dez, 2021 - 12:03 • Ângela Roque
“O Santo Padre aceitou a renúncia ao governo pastoral da Arquidiocese Metropolitana de Paris apresentada por Monsenhor Michel Aupetit”, anuncia esta quinta-feira o boletim diário da Santa Sé.
A nota oficial não refere os motivos do afastamento, mas a imprensa em França dá como certo que o arcebispo de Paris apresentou a sua demissão depois de admitir que se comportou de forma "ambígua" com uma mulher. A carta foi enviada ao Papa esta semana.
Foi a 24 de novembro que o jornal "Le Point" avançou, no seu site, que o arcebispo manteve um relacionamento com uma mulher, em 2012, referindo um e-mail que Aupetit teria enviado por engano, mas que não deixava dúvidas sobre o caso. Em declarações ao jornal, o arcebispo reconheceu que o seu comportamento “pode ter sido ambíguo”, mas negou categoricamente que tenha sido uma relação íntima.
Ouvida pela agência "France Presse", a diocese de Paris garante que não se tratou de "uma relação amorosa" ou de “cariz sexual”, e diz que o pedido de renúncia "não é uma confissão de culpa, mas sim um gesto de humildade".
Em comunicado divulgado esta quinta-feira, o arcebispo Michel Aupetit diz-se “muito perturbado” com o que considera serem “ataques” à sua pessoa.
“Os dolorosos acontecimentos da semana passada, dos quais já falei, levaram-me a colocar a minha missão nas mãos do Papa Francisco para preservar a diocese da divisão que a suspeita e perda de confiança provocam sempre”, esclarece o comunicado, no qual agradece a todos os que lhe mostraram “confiança e carinho”.
A notícia surge num contexto cada vez menos favorável para a Igreja católica em França, depois de uma comissão independente ter indicado, em outubro, que entre 1950 e 2020 mais de 200 mil menores terão sido abusados por padres e outros membros do clero francês. Os números são, no entanto, uma estimativa, calculada com base nas respostas a um inquérito feito por telefone e online.
Michel Aupetit, de 70 anos – e que é também médico de formação – foi nomeado como arcebispo de Paris em 2017. O boletim do Vaticano desta quinta-feira, que confirma que o seu pedido de renúncia foi aceite, informa que o Papa nomeou como Administrador Apostólico da diocese de Paris Georges Pontier, de 78 anos, arcebispo emérito de Marselha, e que já foi presidente da Conferência Episcopal Francesa entre 2013 e 2019.
[Notícia atualizada às 12h40]