Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Arquidiocese de Évora propõe redescoberta de São José através da arte

03 dez, 2021 - 13:39 • Rosário Silva

Exposição “São José – Devoção e Arte” pode ser visitada na Igreja do Salvador, em Évora, numa altura em que a diocese alentejana prepara o encerramento do “Ano de São José” com uma vigilia de oração.

A+ / A-

“São José - Devoção e Arte” é o tema da exposição que pode ser visitada, até 9 de janeiro de 2022, na Igreja do Salvador, em Évora.

A mostra insere-se no Ano de São José, 2021, determinado pelo Papa Francisco, quando se assinalam os 150 anos da proclamação do santo como Padroeiro da Igreja Universal, pelo Papa Pio IX, em 8 de dezembro de 1870.

A iniciativa pretende dar a conhecer os testemunhos da devoção a São José na arquidiocese de Évora, através da escultura, da pintura e outras artes ornamentais, além de contribuir para um melhor conhecimento deste santo.

“Sendo o tema a vida de São José, com certeza que vai levar as pessoas a refletir. O esposo de Nossa Senhora, o pai legal de Jesus e o Padroeiro universal da Igreja, constitui, sem dúvida, motivo de reflexão, aprofundamento da fé e um maior conhecimento desta figura tão importante”, refere o curador da exposição, o cónego Fernando Marques.

Na Arquidiocese de Évora existem diversos testemunhos da devoção a São José. A paróquia da Lamarosa, em Coruche, por exemplo, tem o santo como seu padroeiro e, na cidade de Évora, encontram-se diversos exemplos: Convento Novo (fins do século XVII), foi-lhe dedicado como acontecia a todos os conventos carmelitas femininos, por vontade de Santa Teresa de Ávila, uma das maiores devotas de São José; duas quintas nos arredores de Évora - São José de Peramanca (séc. XVII) e São José do Cano -, e ainda o Bairro de São José da Ponte.

Nesta área geográfica, existem, também, três instituições eclesiásticas de formação religiosa e de assistência, que foram colocadas sob a proteção de São José: Seminário Menor de Vila Viçosa (1935), Oratório Festivo de São José (1926) e Fundação São José Operário (1957).

A exposição “São José - Devoção e Arte”, é mais uma iniciativa que resulta da parceria entre a diocese, através do seu Departamento da Pastoral da Cultura e Bens Culturais e a Direção Regional de Cultura do Alentejo.

Para a diretora regional, Ana Paula Amendoeira, a mostra reveste-se de grande importância, também para a instituição que dirige, atendendo “à dimensão da espiritualidade” que, neste caso, apresenta “uma ligação muito forte com a arte”.

“O significado da figura de pai, que São José nos transmite, está aqui plasmado nestas imagens que vieram de várias paróquias, sobretudo da cidade de Évora, e que faz um apelo nesta quadra natalícia, à fraternidade e aos valores humanistas”, acrescenta.

“Redescobrir os nossos valores”

Aprofundando esta linha de pensamento, o responsável pelo Departamento da Pastoral da Cultura e Bens Culturais da arquidiocese considera que, nos dias de hoje, há uma “orfandade na sociedade” e que São José, que representa a paternidade, é exemplo do que faz falta.

“Existe uma orfandade de valores em relação a linhas que nos conduzam”, por isso “precisamos de reencontrar e sublinhar os caminhos que nos levam a redescobrir os nossos valores”, afirma o cónego Mário Tavares de Oliveira.

“São José insere-se dentro dessa paternidade, enquanto cuidador do Menino, cuidador da Sagrada Família, inspirador de boas práticas, e uma figura que importa redescobrir”, adita.

Um redescoberta que vai além da palavra, do sermão ou da catequese, mas que se pode fazer também pela “via indelével que é a arte”.

O sacerdote lembra que “a arte e o património” são formas de chegar “a todos os ambientes”, mesmo aqueles que “não frequentam os lugares de culto, mas frequentam estes lugares e, de algum modo, acolhem também a mensagem de uma figura que, pela via da arte, se orienta na sua importância e no seu significado”.

Ainda sobre a organização da exposição, o cónego Mário Tavares de Oliveira destaca a preocupação que houve em selecionar “peças de alta qualidade artística e de grande interesse patrimonial”.

“São corações novos que fazem um mundo novo”

Para o arcebispo de Évora, a mostra deve ser vista como “uma sinalética que nos indica um caminho que importa percorrer”.

D. Francisco Senra Coelho lembra que o Papa Francisco ao propor a celebração do “Ano de São José”, pretendeu convidar os cristãos “a uma vivência desta personalidade do Novo Testamento, com um coração de pai”, destacando a sua dimensão de serviço de gratuidade.

“O importante é dar o melhor de nós, porque ao darmo-nos, fazemos a dádiva da vida e o serviço que prestamos na nossa gratuidade pode ajudar a mudar o mundo”, realça o prelado.

“Vivemos uma circunstância de apelo à renovação, ao renascimento, à retoma, um tempo de convite à primavera interior. Depois dos tempos difíceis Covid, ainda temos desafios enormes a vencer e São José, com coração de pai que dá vida, é uma figura que nos deve inspirar na tentativa de tornarmos o mundo mais fraterno”, acrescenta D. Francisco Senra Coelho.

O arcebispo de Évora vai mais longe ao sublinhar que “sem fraternidade, a tecnologia e a capacidade da ciência, não é capaz de fazer essa renovação. São corações novos que fazem um mundo novo”.

A exposição “não tem a pretensão de ser a melhor, mas convida-nos a dar o melhor”, por isso, “sugiro a todos que tirem uns 30 minutos da sua agenda e venham à Igreja do Salvador, junto ao município, e façam uma paragem”.

O convite do prelado é acompanhado de mais um esclarecimento que é transportado para a atualidade. “As imagens são belas, a criança aparece com um relevo, Jesus Menino, a sua infância e onde se percebe que é defendido, guardado por José e, aí, vemos todos os pequenos, todos os desprotegidos, todos os que são dependentes, os que necessitam de apoio, de solidariedade, vemos todos os que esperam, não têm voz e onde parece que ninguém chega”.

“A beleza pega-se a nós, como a bondade nos faz novos. Encontrar a beleza e descobrir a bondade ajudar-nos-á a sermos melhores para os outros, a viver com um coração renovado e a sentirmos em nós o valor da paz interior”, alude, a concluir, o pastor da arquidiocese alentejana.

“Ano de São José” encerra a 8 de dezembro, Festa da Imaculada Conceição

Apesar da exposição ficar patente até dia 9 de janeiro de 2022, o “Ano de São José” encerra no dia 8 de dezembro.

A Pastoral Familiar Paroquial de Coruche, em parceria com o Departamento da Família da Arquidiocese, promove, este sábado, dia 4 de dezembro, uma Vigília de Oração a São José presidida por D. Francisco Senra Coelho, às 21h15m, na Igreja Matriz de Coruche, perante a Imagem do Padroeiro de São José da Lamarosa, a única paróquia da arquidiocese dedicada a este santo.

Em comemoração aos 150 anos da proclamação de São José como guardião universal da Igreja, pelo Papa Pio IX, o Papa Francisco, recorde-se, ofereceu como presente à Igreja, o “Ano de São José” através da Carta Apostólica Patris Corde “Coração de Pai”.

Durante este ano, também por terras do Alentejo, através de diferentes iniciativas, houve oportunidade para conhecer melhor o Padroeiro Universal da Igreja, o pai que invoca todos os pais, que “aparentemente, escondidos ou em segundo plano, têm um protagonismo sem paralelo na história da salvação”.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+