30 dez, 2021 - 17:44 • Ana Lisboa
O presidente executivo da fundação Ajuda à Igreja que Sofre apelou, esta quinta-feira, à defesa do "direito à liberdade religiosa" e admitiu que ainda há muito por fazer no sentido de proteger as populações, nomeadamente as comunidades cristãs vítimas de perseguição e de intolerância por motivos religiosos.
Durante uma conferência em que fez o balanço de 2021 o responsável deu como exemplos desta situação países como o Iraque, a Síria, o Líbano, a Índia, a Nigéria e Moçambique.
“A situação continua a ser bastante dramática nos países da região Africana do Sahel e em Moçambique, onde o terrorismo se está a espalhar. Embora a violência afete a todos, os cristãos são os mais atingidos. É profundamente lamentável que, em muitas áreas, o terrorismo e a violência estejam a impedir a Igreja de realizar o seu trabalho pastoral e social”, afirmou.
Heine-Geldern lembrou ainda com "profunda preocupação" o que se vive na Índia e na Nigéria, onde "padres, religiosos e leigos estão a ser mortos, raptados ou abusados enquanto cumprem a sua missão".
Neste balanço, Heine-Geldern sublinhou a importância da visita do Papa ao Iraque, referindo que "deu consolo e esperança à minoria cristã local" e que com esta viagem Francisco chamou a atenção da comunidade internacional para a situação da comunidade cristã não só neste país, mas em todo o Médio Oriente.
O êxodo dos cristãos está “no centro das preocupações da fundação AIS, não só no Iraque, mas também na Síria e no Líbano”. Em seu entender, a guerra e a crise económica ajudam a explicar a saída dos cristãos destes países.
Por isso, a fundação pontifícia está a trabalhar "em conjunto com os benfeitores e os parceiros de projeto" para oferecer à comunidade cristã local "perspetivas de um futuro nas suas pátrias, para que possam viver uma vida de dignidade e, mais importante, aliviar o seu sofrimento".
Heine-Geldern aproveitou ainda para alertar para o que chama "perseguição educada" que pretende a erradicação gradual das crenças religiosas da vida pública, como um documento interno da Comissão Europeia que recomendava evitar a utilização de nomes e terminologia cristã, substituindo a palavra “Natal” por “festas”, um assunto que também teve a atenção do Papa e o Secretário de Estado do Vaticano.
Como recorda o dirigente, “o documento foi posteriormente retirado, uma decisão que apoiamos porque, embora a inclusão seja indiscutivelmente uma preocupação justificada, neste caso teria significado a exclusão do maior grupo de fé da União Europeia. Afinal de contas, dois terços dos cidadãos da UE são cristãos”.
O presidente executivo da AIS lembra igualmente que o ano de 2021 ficou marcado pela pandemia do coronavírus e recordou que "muitas religiosas, bispos, padres e catequistas morreram da doença enquanto cumpriam a sua missão".