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“A pobreza é uma questão de decisão política. Porque dinheiro há”, diz padre Moreira Jardim

31 dez, 2021 - 18:52 • Pedro Mesquita , Marta Grosso

O presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza sublinha na Renascença que entre 10% e 12% dos pobres portugueses são trabalhadores e que “há muitas contradições no Parlamento”.

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De Norte a Sul do país, há um número cada vez maior de pessoas a pedir ajuda e boa parte delas até tem emprego, diz à Renascença o padre Jardim Moreira.

“Sim, cerca de 10% ou 12% dos pobres portugueses são trabalhadores. Portanto, não basta dizer que é preciso um trabalho qualquer, é um trabalho que suporte as despesas de uma família”, afirma.

Contudo, muitos não têm as qualificações necessárias. “Os empregadores não querem acolher os pobres, porque não têm qualificações e depois acontece que os qualificados são tratados com o ordenado mínimo nacional”, descreve, considerando que “é preciso ter lucidez e coragem política” para acabar com este estado de coisas.

“A pobreza é uma questão de decisão política. Porque dinheiro há”, defende o presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza. E revela que já disse isto mesmo ao primeiro-ministro, António Costa.

Parlamento contraditório

Na opinião do padre Jardim Moreira, “muitos partidos ficam-se na sua ideologia e querem o seu poder; querem a sua quinta”. Tal atitude – que “não pode ser” – faz com que as políticas implementadas não sirvam “o bem nacional nem o bem de cada pessoa”.

“Há uma falta de coerência interna nas ideologias que era preciso superar. Há muitas contradições no nosso Parlamento: fazem-se leis para defender até ao extremo o animal e permite-se que a pessoa de família seja posta na rua sem qualquer aconchego ou dignidade”, aponta.

“Há aqui uma desumanização que é preciso gritar alto neste país. Ou mudamos de rumo ou estamos a destruir o país”, avisa.

Poderá ser 2022 o ano da mudança?

“Eu acho que devia ser, deviam ter essa coragem”, responde o padre Jardim Moreira. “É preciso que neste país – não só, mas também neste país – a ideologia, os partidos e os particulares não se sobreponham ao bem comum”, defende.

E quando vier o dinheiro da bazuca, “precisará de ser aplicado nas causas geradoras desta situação” de pobreza, conclui.

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