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Natal é a festa que “mais desperta o espanto”, diz o Papa

31 dez, 2021 - 17:29 • Marta Grosso , Joana Gonçalves (vídeo)

Na missa de ação de Graças, Francisco falou de gratidão e na esperança que “o Menino nos dá e não dececiona”.

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"As dificuldades e preocupações não faltam, mas não estamos sós: o Pai enviou o seu Filho"
"As dificuldades e preocupações não faltam, mas não estamos sós: o Pai enviou o seu Filho"

“A festa de Natal é talvez a que mais desperta a atitude interior de espanto, maravilha, contemplação”, afirmou o Papa Francisco nesta sexta-feira, durante a homilia da celebração das primeiras vésperas da Solenidade de Santa Maria e "Te Deum" de ação de graças do ano que agora acaba.

“O Natal não pode ser celebrado sem espanto, mas um espanto que não se limita a uma emoção superficial, ligada ao exterior da festa ou, pior ainda, ao frenesim do consumismo”, começou por esclarecer.

“Se o Natal se reduzir a isso, nada muda: amanhã será igual a ontem, o ano o próximo será como o anterior e assim por diante. Tal significaria aquecer-nos por momentos numa fogueira e não nos expormos com todo o nosso ser à força do Evento. O espanto cristão não é fruto de efeitos especiais, de mundos fantásticos, mas do mistério da realidade: não há nada mais maravilhoso e surpreendente do que a realidade”, afirmou Francisco.

“Uma flor, um torrão de terra, uma história de vida, um encontro… O rosto enrugado de um velho e o rosto recém-desabrochado de um bebé; uma mãe a segurar no seu bebé nos braços enquanto o amamenta. O mistério brilha aí”, sublinhou.

Numa cerimónia em que o presidente da Câmara de Roma marcou presença, Francisco falou dos contrastes visíveis para realçar a necessidade de não se deixar iludir pela superficialidade.

“Não se pode reconhecer uma cidade acolhedora e fraterna pela sua ‘fachada’, por belos discursos e eventos pomposos. Não. Tem de ser reconhecida pela atenção diária a quem luta pela vida, às famílias que sentem mais o peso da crise, às pessoas com deficiências graves e às suas famílias, àqueles que precisam de transporte todos os dias para ir trabalhar, que vivem nos subúrbios, que foram oprimidos por alguma falha na vida e precisam agora dos serviços sociais, e assim por diante”, apontou.

“A esperança então é que todos: aqueles que lá vivem e aqueles que lá ficam para trabalhar, peregrinar ou fazer turismo. Todos podem valorizar esta cidade cada vez mais pelo cuidado na hospitalidade, na dignidade da vida, no lar comum dos mais frágeis e vulneráveis. Que todos se maravilhem ao descobrir nesta cidade uma beleza que diria ‘coerente’ e que suscita gratidão”, apelou na missa das Primeiras Vésperas da Solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus.

E gratidão é onde reside o espanto da Igreja: “Irmãos, irmãs, o espanto de Maria, o espanto da Igreja é cheio de gratidão. (…) Os problemas não desapareceram, não faltam dificuldades e preocupações, mas não estamos sós: o Pai ‘enviou o seu Filho’ (Gal 4: 4) para nos redimir da escravidão do pecado e restaurar nossa dignidade de criança”.

Olhando para o “período de pandemia” que atravessamos, o Papa lembrou que, no início, ele permitiu aumentar a solidariedade entre todos, com a sensação de estarmos todos no “mesmo barco”. Esse momento mudou para o “salve-se quem puder”, “mas, graças a Deus, reagimos de novo, com sentido de responsabilidade” e “podemos e devemos dizer ‘graças a Deus’, pela escolha da co-responsabilidade, que vem de Deus”, o “único pai”.

“Hoje, a Mãe – Mãe Maria e Mãe Igreja – mostra-nos o Menino. Sorri para nós e nos diz: ‘Ele é o Caminho. Siga-o, tenha confiança’. Vamos segui-lo no caminho todos os dias”, pediu o Papa, lembrando que, “nos momentos felizes e dolorosos, a esperança que Ele nos dá é a esperança que não dececiona”.

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