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Índia volta atrás e permite financiamento estrangeiro à congregação da Madre Teresa de Calcutá

11 jan, 2022 - 10:17 • Olímpia Mairos

Ativistas hindus acusam os cristãos de seduzir novos fiéis de entre as comunidades mais pobres da Índia, a troco de comida ou educação. As missionárias negam e sublinham que os seu serviços são humanitários.

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O Governo indiano inverteu a decisão que bloqueava o financiamento estrangeiro das Missionárias da Caridade, a congregação religiosa fundada na Índia pela Madre Teresa de Calcutá.

De acordo com a agência de notícias Asia News, o Governo de Narendra Modi decidiu renovar a autorização que permite às Missionárias da Caridade receberem fundos de outros países.

A proibição de receberem fundos estrangeiros tinha sido imposta pelo Executivo do nacionalista hindu Narendra Modi, por altura do Natal, e comprometia o trabalho levado a cabo pelas religiosas que servem “os mais pobres dos pobres” em todo o mundo, mas, com destaque para a Índia, onde a congregação foi fundada, na cidade de Calcutá, pela freira macedónia, de etnia albanesa.

Atualmente, as Missionárias da Caridade são uma das congregações com mais vocações em todo o mundo, contando com mais de 3.000 religiosas.

Apesar da boa notícia, o clima de tensão no país em relação à minoria cristã, frequentemente acusada pelos extremistas hindus de proselitismo e conversões forçadas, não terminou.

Recentemente, as autoridades estatais indianas, obrigaram as religiosas de Madre Teresa a saírem de um orfanato em Kanpur, no Estado de Uttar Pradesh, no norte do país.

Às religiosas não foi renovada a concessão estatal do terreno em que se encontra o lar das crianças, que expirou em 2019. As autoridades, que gerem a propriedade estatal, pediram às religiosas o pagamento de uma multa por utilização da estrutura nos dois últimos anos, após a concessão ter expirado.

Um pedido economicamente difícil de cumprir e que obrigou as religiosas a abandonar a ação judicial contra a decisão do Estado e a entregar a instalação ao Estado, no dia 3 de janeiro.

De acordo com a agência Asia News, nos últimos 53 anos, o centro acolheu e facilitou a adoção de 1.500 crianças, de acordo com a lei.

Para além dos órfãos, o centro também ofereceu ajuda a milhares de pessoas pobres, como leprosos, mães abandonadas e filhos de migrantes.

Em declarações à Asia News, o bispo de Lucknow, D. Gerald Mathias, afirmou que as autoridades estão a “atacar os cristãos, porque são uma comunidade que ama a paz”, esperando que “o bom senso prevaleça e que a situação melhore”.

Mas não foi só o centro das Missionárias da Caridade, em Kanpur, que foi atingido. No dia 6 de janeiro, a polícia também invadiu o Instituto São Francisco, no Uttar Pradesh, levando 44 crianças.

Uma medida que, segundo a agência noticiosa, foi motivada por uma campanha de difamação por extremistas hindus que afirmavam que estava a ser servida carne de bovino e que no centro estavam a ser feitas conversões forçadas.

Os ativistas hindus acusam os cristãos de seduzir novos fiéis de entre as comunidades mais pobres da Índia, a troco de comida ou educação, algo que os cristãos rejeitam, dizendo que os serviços que prestam são humanitários e não praticados como contrapartida para conversões.

Comentários
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  • Desabafo Assim
    12 jan, 2022 Porto 13:11
    O govern tem mais é que separar o trigo do joio e pela notícia já deu alguns passos.

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