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Síria. "As pessoas estão cada vez mais tristes, sem esperança"

11 jan, 2022 - 18:57 • Ana Lisboa

A Irmã Maria Lúcia Ferreira, que vive no Mosteiro de São Tiago Mutilado, na vila de Qara, perto do Líbano, faz um retrato dramático da situação na Síria no início deste ano de 2022.

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A religiosa Maria Lúcia Ferreira, portuguesa, que pertence à Congregação das Monjas de Unidade de Antioquia, revela que na Síria as pessoas "estão cada vez mais tristes, sem esperança", porque não se vê o fim de um conflito que começou em 2011.

Em declarações à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, sublinha que "a pobreza está a agravar-se bastante" e cada vez mais pessoas emigram à procura de uma "qualidade de vida que já não acreditam ser possível na Síria".

A Irmã Maria Lúcia Ferreira diz que "os custos dos bens quotidianos que cada família necessita são cada vez maiores, os preços aumentam cada vez mais, o pão vai-se tornando, a pouco e pouco, mais escasso, as fontes de energia estão cada vez mais caras e há coisas que já quase não se encontram no país”.

Neste relato à AIS, a religiosa portuguesa afirma que a "guerra está mais ou menos calma" na região onde reside, Qara, ao contrário do sul da Síria e das regiões norte e nordeste do país.

Em seu entender, "o que se está a passar agora é muito mais difícil do que na altura em que as bombas nos caíam em cima, em que estávamos até em risco de morrer ou de ficar feridos. Agora é muito pior. É a luta de cada dia para se saber o que ter de comer, o futuro, os jovens que não veem esperança".

De acordo com dados do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, divulgados o ano passado, desde 2011, quase 5,6 milhões de habitantes fugiram da Síria para outras partes do mundo, enquanto 6,6 milhões de sírios estão deslocados no seu próprio país.

O secretariado português da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre recorda que o Núncio Apostólico na Síria, Cardeal Mario Zenari, afirmou que 90% da população vive abaixo do limiar da pobreza.

E é "neste contexto muito difícil" que continua ativa a Operação Solidária de Natal desta fundação pontifícia para apoiar as famílias com mais dificuldades e oferecer roupa quente a cerca de trinta mil crianças.

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