26 jan, 2022 - 16:57 • Ana Lisboa
O Dicastério para a Comunicação da Santa Sé reagiu, em comunicado, às recentes acusações contra Bento XVI relativamente a casos de abusos sexuais na Arquidiocese de Munique, na Alemanha, realçando o papel do Papa na luta contra estes crimes.
Para o diretor editorial deste organismo, "é correto recordar a luta de Bento XVI contra a pedofilia clerical e a sua disponibilidade durante o pontificado em encontrar e ouvir as vítimas e pedir o seu perdão".
Andrea Tornielli sublinha que "o Papa Emérito, com a ajuda dos seus colaboradores, não fugiu às perguntas dos advogados encarregados pela Diocese de Munique de redigir um relatório que examina um período de tempo muito longo".
Este comunicado é publicado após a divulgação, a 20 de janeiro, de um relatório independente sobre abusos sexuais na arquidiocese católica de Munique e Frisinga, na Alemanha, que questiona a gestão destes casos pelo então Arcebispo Joseph Ratzinger.
Bento XVI respondeu com 82 páginas, depois de poder examinar parte da documentação dos arquivos diocesanos.
Papa emérito negou participação numa reunião, em 1(...)
A nota agora divulgada pelo Dicastério para a Comunicação da Santa Sé recorda o trabalho desenvolvido pelo então cardeal Joseph Ratzinger, como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, na última fase do pontificado de São João Paulo II.
Já como Papa, depois de 2005, "promulgou normas e regulamentos extremamente duros contra os abusadores clericais, verdadeiras leis especiais para combater a pedofilia".
"Bento XVI testemunhou, com o seu exemplo concreto, a urgência da mudança de mentalidade tão importante para combater o fenómeno dos abusos: a escuta e a proximidade das vítimas às quais se deve sempre pedir perdão".
Tornielli lembra que foi o agora Papa Emérito o primeiro pontífice a encontrar-se com vítimas de abusos, durante as suas viagens apostólicas.
Cita até uma declaração de Bento XVI aos jornalistas, durante o voo que o trouxe a Portugal, em maio de 2010: "Os sofrimentos da Igreja vêm justamente de dentro da Igreja, do pecado que existe na Igreja. A maior perseguição da Igreja não vem de inimigos externos, mas nasce do pecado dentro da Igreja".
O responsável por este editorial afirma que estas palavras foram "precedidas e seguidas por atos concretos na luta contra o flagelo da pedofilia clerical". E, acrescenta, "tudo isso não pode ser esquecido nem apagado".