31 jan, 2022 - 08:20 • Olímpia Mairos
A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) está a promover uma jornada de oração para marcar o primeiro aniversário do golpe militar em Myanmar, que se assinala na terça-feira.
Segundo a fundação pontifícia, “foi um ano em que se sucederam notícias de violência, terror e sofrimento que estão a afetar toda a população incluindo a pequena comunidade cristã”.
A jornada de oração e de solidariedade, para com a Igreja do país asiático, surge em resposta ao apelo da Conferência Episcopal de Myanmar, e quer envolver os cristãos de todo o mundo.
De acordo com a AIS, entre as regiões que mais sofreram ao longo dos últimos 12 meses, estão os estados de Chin, Kayah e Karen, marcados por longos conflitos étnicos e onde o exército se tem confrontado com milícias armadas.
“Embora minoritária, há uma presença considerável de população cristã nestes estados, facto que tem motivado um acréscimo de preocupação por parte da Fundação AIS”, lê-se no comunicado.
O documento indica que a Ajuda à Igreja que Sofre tem acompanhado o evoluir dos acontecimentos e sabe que “pelo menos 14 paróquias no estado de Kayah foram abandonadas, com muitos padres e irmãs refugiados na selva ou em aldeias remotas, acompanhando as populações locais”.
“Outros, porém, optaram por ficar em aldeias quase desertas. Há o relato, ainda, de que entre os milhares de deslocados, cerca de três centenas de pessoas, na sua maioria idosos, mulheres, crianças e deficientes, terão procurado abrigo no complexo da catedral de Kayah”, acrescenta o comunicado.
Para exemplificar a “brutalidade que Myanmar está a viver”, a AIS lembra o massacre de pelo menos 35 civis inocentes, mortos, queimados e mutilados na aldeia de Mo So, também no estado de Kayah, na altura do Natal.
ONU já condenou o ataque e pede que “os responsáve(...)
De acordo com as Nações Unidas, a 17 de janeiro, o número oficial de deslocados em Myanmar ultrapassava já os 405 mil, estimando que o número de pessoas em risco de pobreza chegue aos 25 milhões durante o corrente ano, sendo que, destes, cerca de 14 milhões vão precisar de ajuda humanitária urgente.
“Neste contexto particularmente adverso, a Igreja tem assumido um papel único no apoio e consolo às populações. Padres e religiosas arriscam a vida para estarem junto dos que mais precisam, visitando fiéis, ajudando-os nas suas necessidades mais urgentes, mas também oferecendo acompanhamento pastoral e apoio sacramental”, assinala a AIS.