02 mar, 2022 - 10:30 • Lusa
O bispo das Forças Armadas e Forças de Segurança considera “uma pesada derrota para a Humanidade” o atual conflito na Ucrânia, que mostra “o lado mais tenebroso da realidade, como a morte, o sofrimento de inocentes e a miséria”.
Na sua mensagem para a Quaresma, que hoje se inicia, Rui Valério escreve que a humanidade, “mais uma vez, encontra-se numa encruzilhada”, pelo que a Quaresma será vivida, “nas Forças Armadas e nas Forças de Segurança, ao ritmo dos desenvolvimentos da Paz, das suas vicissitudes, dos seus avanços e recuos, das suas vitórias e atropelos”.
Tal como sucedeu com a pandemia de covid-19, “também agora, nesta crise civilizacional despoletada pela invasão da Ucrânia por parte da Rússia, verifica-se a emergência das Forças Armadas e das Forças de Segurança como fatores decisivos na defesa das pessoas e na salvaguarda das suas vidas, ao mesmo tempo que geram horizontes de esperança porque se empenham a construir uma civilização assente em valores e regida pelo Direito”, escreve o bispo católico.
Rui Valério aproveita a sua mensagem hoje divulgada, para defender que, “a par de uma intensa preparação militar e estratégica, que já acontece, é também necessária uma preparação de cariz humano e espiritual, ao nível da interioridade de cada um”.
“A formação ‘do soldado’ deve andar sempre acompanhada da formação ‘da pessoa’ enquanto ser espiritual que tem, na abertura à transcendência, a sua ponta de diamante, conjuntamente com a ética e o humanismo”, sublinha.
O responsável pelo Ordinariato Castrense, lembra, por outro lado, que “a Quaresma possui o fascínio, a exigência e a urgência que caracterizam os Aprontamentos, esses períodos que antecedem e preparam as grandes Operações”.
“O fascínio reside no processo de crescimento que se opera, enquanto aperfeiçoa a pessoa, a faz progredir com novas aprendizagens, tornando-a mais forte e mais habilitada na arte da estratégia de combate ao inimigo. E o inimigo é tudo o que diminui o ser humano e o escraviza – como o pecado, o mal, os vícios, as detrações da vida”, escreve no texto dirigido à diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança.
Segundo Rui Valério, “para as Forças Armadas e Forças de Segurança, a Quaresma tem, pois, tudo para ser um ‘tempo de Aprontamento’, na medida em que oferece a cada Militar, a cada Polícia, a cada Militarizado, a cada civil, a possibilidade de progredir na santidade, na cultura da dignidade, na vida da Graça e no humanismo cristão”.
O apelo à oração, à prática do jejum e ao acolhimento e hospitalidade é também contemplado na mensagem, na qual é anunciada a recolha de alimentos nas unidades militais para envio ao “povo mártir da Ucrânia”, enquanto a renúncia quaresmal na diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança reverterá, “por compromisso assumido já precedentemente e dificultado pela pandemia, para a construção de escolas em Bangui, na República Centro Africana”.