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“Muitas pessoas foram mortas”, denuncia bispo de Kharkiv

04 mar, 2022 - 12:22 • Olímpia Mairos

Bombardeamentos russos provocaram uma enorme destruição na cidade. Igreja permanece no terreno na ajuda à população.

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O bispo de Kharkiv, na Ucrânia, diz que “muitas pessoas foram mortas” durante os bombardeamentos na cidade que provocaram uma enorme destruição em zonas residenciais.

Em mensagem enviada à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), D. Pavlo Honcharuk conta que na terça-feira um ‘rocket’ caiu na sua casa abrindo um buraco no telhado, embora sem causar feridos.

Apesar de toda a violência testemunhada, o prelado assegura que na casa procura-se manter o ritmo de trabalho assistencial normal, preparando-se, por exemplo, o envio de refeições quentes para duas estações do metropolitano que foram, entretanto, convertidas em ‘bunkers’ subterrâneos, e onde estão centenas de pessoas abrigadas.

Noutras zonas da cidade, muitos blocos de edifícios foram atingidos provocando um número já elevado de mortos e de pessoas que tiveram de receber cuidados hospitalares.

No vídeo que gravou e enviou à AIS, D. Pavlo Honcharuk mostra um conjunto de prédios de habitação muito danificados situados em frente a uma fábrica que foi, entretanto, destruída.

“Ali eram apartamentos. Todas as janelas foram arrancadas. Muitas pessoas foram mortas. Os cabos aéreos de uma linha de autocarros foram destruídos”, descreve o bispo católico ao mesmo tempo mostra imagens das ruas.


De acordo com a fundação pontifícia, “nas imagens são visíveis vários carros queimados e buracos, autênticas crateras causadas pelas explosões”.

“Enquanto vai gravando as imagens, o bispo cruza-se com um homem, já idoso, que caminha ao longo da estrada, e pede-lhe para ter cuidado, para ser cauteloso. Noutro instante, olhando para um automóvel destruído, o prelado indica ter havido ali tiros. ‘Há sangue por aqui…’”, acrescenta a AIS.

D. Pavlo Honcharuk tem visitado, juntamente com o bispo Mytrofan, da Igreja Ortodoxa ucraniana, as populações refugiadas nos abrigos, distribuído alimentos e visitado feridos nos hospitais.

Para fazer face à situação dramática que se vive na Ucrânia, está em marcha uma grande onda de solidariedade um pouco por todo o mundo. A AIS, por exemplo, anunciou na última semana o envio de apoio de emergência no valor de 1 milhão de euros para os sacerdotes e religiosas que trabalham com refugiados, em orfanatos e em lares para idosos na Ucrânia.

A guerra na Ucrânia entrou no nono dia de combates. A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de um milhão de refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia, entre outros países.

O Presidente Vladimir Putin justificou a "operação militar especial" na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.
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