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D. José Ornelas. Novo bispo de Leiria-Fátima sem “agenda”

13 mar, 2022 - 19:20 • Teresa Paula Costa

D. José Ornelas tomou posse como bispo de Leiria-Fátima. Sem “agenda” nem “programa” traz o sonho de uma Igreja em comunhão e deixa o alerta para o perigo de se confundir "nacionalismos com a fé".

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D. José Ornelas sucede a D. António Marto como bispo da diocese de Leiria-Fátima. Foto: Paulo Cunha/Lusa
D. José Ornelas sucede a D. António Marto como bispo da diocese de Leiria-Fátima. Foto: Paulo Cunha/Lusa
D. José Ornelas na tomada de posse como bispo da diocese de Leiria-Fátima. Foto: Teresa Paula Costa/RR
D. José Ornelas na tomada de posse como bispo da diocese de Leiria-Fátima. Foto: Teresa Paula Costa/RR

D. José Ornelas tomou posse como bispo da diocese de Leiria-Fátima. Numa celebração que decorreu neste domingo na Sé de Leiria, o novo bispo disse que não traz nem “agenda nem programa feitos e peço, antes de mais, que me aceiteis”.

“Eu também começarei por aceitar e inserir-me na vida que está em curso nesta Igreja” continuou D. José Ornelas.

Na sua homilia, admitiu que traz um sonho: “a reunião de irmãos e irmãs, que se colocam à escuta da Palavra de Deus e do seu Espírito, para formarem uma Igreja em comunhão apesar da diversidade dos que a compõem”.

Em sintonia com o processo sinodal iniciado pelo Papa Francisco, o novo bispo da diocese de Leiria-Fátima disse sonhar com “uma Igreja de participação ativa de todos, segundo os carismas e funções de cada um” e “uma Igreja em saída missionária, próxima dos mais fragilizados e excluídos da terra, acolhedora do estrangeiro e do que é diferente, como sinal e laboratório de um mundo melhor.”

Lamentando que “hoje, muitos acham que a Igreja envelheceu, que não tem futuro”, D. José Ornelas frisou que “vivemos num tempo novo e com antigos e novos desafios” e que “a atitude que nos é pedida é a de alguém que tem lucidamente sede e vontade de futuro e que adere ao sonho de Deus, tornando-o realidade no coração, na mente e nas atitudes”.

“Não perseguimos um projeto próprio”, considerou o prelado, mas “estamos ao serviço dos desígnios de Deus” e “procuramos fazer da vida um dom generoso e solidário, sem barreiras, preconceitos ou exclusões e aberto à totalidade da vida que só Deus mesmo pode oferecer.” “É esse projeto de Deus que vos convido para discernirmos e seguirmos, juntos, como Igreja”, concluiu D. José Ornelas.

Numa catedral cheia, a celebração terminou com centenas de pessoas a apresentarem os cumprimentos ao novo bispo da diocese de Leiria-Fátima.

Deus não nos pode pôr à bulha

À margem da celebração, D. José Ornelas comentou a chegada de refugiados ucranianos ao nosso país.

“Espero que com os ucranianos que chegam e vão chegar, tanto ortodoxos como católicos, nos dêmos todos muito bem e que este seja um laboratório, para eles e para nós, de construirmos um mundo melhor”, disse D. José Ornelas.

O bispo diocesano e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa alertou, contudo, para o perigo de se confundir “nacionalismo com a fé de cada um”.


Comentando o facto de a Igreja Ortodoxa Russa não se demarcar da invasão à Ucrânia por tropas russas, D. José Ornelas admitiu que “isso é complicado” e lembrou que essa é uma das “dores grandes” do Papa Francisco.

“Se Deus é o Deus de todos, não nos pode pôr à bulha. As guerras não vêm da fé, não podem vir da fé, são uma negação da fé. Quando quero impor a fé e o meu modo de ver aos outros, dou cabo do caminho que temos de fazer juntos”, acrescentou.

Para o novo bispo de Leiria-Fátima não se pode atribuir a Deus ou a Maria “qualquer espécie de ódio”.

Pelo contrário, “é preciso que Maria, de Fátima, mais de Jesus e Mãe da Igreja, nos ensine a encontrar caminhos de fraternidade e de paz. E essa é a mensagem que Fátima continua a trazer, de paz para o mundo”, sublinhou D. José Ornelas.

[Notícia atualizada às 22h45]

Comentários
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  • Ivo Pestana
    16 mar, 2022 Madeira 15:35
    É assim que deve ser. Um Bispo tem de se portar como um pároco, com disponibilidade. Um pastor próximo e não afastado.

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