14 mar, 2022 - 14:01 • Henrique Cunha
Os bispos europeus têm reduzida esperança quanto à possibilidade uma intervenção pública do Patriarca de Moscovo contra a guerra na Ucrânia.
O delegado do episcopado português para a Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia (COMECE), D. Nuno Brás, lembra, em declarações à Renascença que Cirilo é um homem muito próximo de Valdimir Putin e recorda o teor de uma carta que o patriarca moscovita dirigiu ao Conselho Mundial de Igrejas (CMI).
“O patriarca, nessa carta ao secretário do Conselho Mundial das Igrejas, quase que justifica a intervenção. Creio que o cardeal Ulricht já teria conhecimento de que a posição do patriarca era esta. Creio que o apelo que ele faz é veemente para que intervenha, sabendo da sua proximidade com Putin. Intervenha, pelo menos, fazendo uma declaração publica para mostrar que estão contra a guerra."
“A carta quase que justifica a intervenção, repetindo a argumentação oficial de Putin”, reforça o também bispo do Funchal.
“Seria muito importante para os russos perceberem que aquilo que está a acontecer não é justificado. Ou seja, melhor dizendo, mesmo que haja algumas razões para algumas queixas que eventualmente possam surgir - que eu não consigo entender - mesmo que existam algumas queixas seria importante mostrar que todo o tipo de guerra é injustificado. E, portanto, que nós cristãos somos contra todo o tipo de guerra."
Nestas declarações à Renascença, D. Nuno Brás diz ainda que a Santa Sé tem sido acusada de alguma condescendência, mas, adianta que a intervenção do Papa, no domingo, no final, do Ângelus dissipou toda e qualquer dúvida sobre o posicionamento do Vaticano.
“As relações têm sido relativamente boas nos últimos tempos entre o Patriarcado de Moscovo e a Santa Sé. A Santa Sé tem sido mesmo acusada de alguma condescendência por causa disso. Mas creio que o apelo ontem do Papa para que tudo acabasse e para que as armas se calassem de uma vez por todas, foi muito claro. Aquilo que poderia ser visto como alguma condescendência para com as razões russas acabaram”, aponta.
Até ao momento, a diocese do Funchal apenas foi solicitada para ajudar no acolhimento de um casal de ucranianos que foram surpreendidos pelo início da guerra quando se encontravam de fárias na Madeira.
“Houve um grupo de ucranianos que estavam de férias na Madeira que foram surpreendidos por esta situação, aos quais também as instituições diocesanas já deram o seu apoio. Os apoios foram prestados também pelas instituições oficias. Houve de facto o caso de um casal que estava nessa situação em turismo na ilha e que pediu apoio à diocese e a diocese disponibilizou o que estava nas suas possibilidades. A Cáritas diocesana está em contato com a Cáritas nacional e já contribui com medicamentos e com aqueles produtos que a Cáritas nacional pedia para serem enviados ou para se enviar o dinheiro para que pudessem ser comprados."