02 abr, 2022 - 16:16 • Ana Catarina André
No encontro de oração, no santuário mariano de Ta’ Pinu, um dos locais de peregrinação mais importantes de Malta, o Papa Francisco sublinhou que “é preciso voltar à essência do cristianismo”, em particular “ao amor de Deus", "que nos faz sair e percorrer as estradas do mundo” e “ao acolhimento do próximo”.
Depois de ter apelado, esta manhã, a “respostas amplas e partilhadas” face à crise dos refugiados na Ucrânia, o Papa disse, na tarde deste sábado, que “o acolhimento é o teste decisivo para verificar quão (…) permeada está a Igreja pelo espírito do evangelho”.
Perante cerca de três mil fiéis, e no primeiro dia da viagem apostólica ao país, Francisco lembrou “a posição geográfica crucial” de Malta, “cais de salvação para muitas pessoas” que chegam às costas do país.
Francisco em Malta
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“No rosto destes pobres, é o próprio Cristo que Se apresenta a vós”, sublinhou, referindo ainda que “não podemos acolher-nos apenas entre nós, à sombra das nossas belas igrejas, enquanto muitos irmãos e irmãs sofrem e são crucificados pelo sofrimento, a miséria, a pobreza e a violência”.
“Eis o Evangelho que somos chamados a viver: acolher, ser peritos em humanidade, acender fogueiras de ternura quando o frio da vida paira sobre aqueles que sofrem”, afirmou.
Sublinhando a importância de regressar às origens da Igreja, o que “não significa olhar para trás para copiar o modelo eclesial da primeira comunidade cristã”, mas “redescobrir o centro da fé: a relação com Jesus e o anúncio do seu Evangelho”, e “desenvolver a arte do acolhimento”, Francisco alertou para a necessidade de olhar para a atual “crise da fé”.
“A apatia da prática religiosa sobretudo no pós-pandemia e a indiferença de muitos jovens relativamente à presença de Deus não são questões que devemos «açucarar» pensando que, apesar de tudo, ainda subsiste um certo espírito religioso”, disse, referindo que é preciso estar atento para que “as práticas religiosas não se reduzam à repetição de um repertório do passado”.
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E deixou um apelo: “Não tenhais medo de empreender – como já fazeis – percursos novos de evangelização e anúncio, talvez até arriscados mas que tocam a vida.”
Nas palavras que proferiu no primeiro dia da visita a Malta, o Sumo Pontífice referiu, ainda, que “este é o momento” para “ser uma Igreja que tem no peito a amizade com Jesus e o anúncio do seu Evangelho, e não a busca de espaço e atenções”, uma “Igreja que tem, no centro, o testemunho, e não qualquer costume religioso”; “uma Igreja que deseja ir ao encontro de todos com a lâmpada do Evangelho acesa, e não formar um círculo fechado”.