07 abr, 2022 - 14:32 • Henrique Cunha
O administrador diocesano de Angra, padre Hélder Fonseca Mendes, saúda a decisão do núncio apostólico em Portugal, D. Ivo Scapol, em presidir às celebrações da Semana Santa na catedral açoriana.
D. Ivo Scapolo estará a partir de domingo na diocese açoriana, numa altura em que se aguarda pela nomeação de um novo bispo.
Em declarações à Renascença, o padre Hélder Fonseca Mendes diz que a presença do núncio em Angra é "um gesto muito interessante", numa altura "delicada da diocese".
Hélder Fonseca Mendes sublinha o facto de o núncio ter preferido “estar no terreno e também se expor e poder estar com as pessoas nesta situação delicada da diocese”, que “de facto é a mais antiga entre as três de Portugal em situação de 'sede vacante'”.
O administrador dioceseno admite que “isso pode ter sido um critério da opção do senhor núncio para visitar Angra”.
O sacerdote recorda que quando fez o convite a D. Ivo, no início do ano, “as duas outras dioceses não estavam vagas”.
O representante diplomático do Papa visita os Açores até ao Domingo de Páscoa, presidindo às várias celebrações da Semana Santa, incluindo a Missa Crismal, na Sé de Angra.
O padre Hélder Fonseca Mendes, diz que "é uma honra" para a diocese. “É uma oportunidade e uma honra, para além de ser raro.”
“Em tempo de 'sede vacante', em que não há bispo próprio, é uma riqueza muito grande ter um bispo a presidir na catedral às celebrações da Semana Santa na diocese”, reforça.
D. Ivo Scapolo visitará as ilhas de São Miguel, Terceira e Faial. O núncio não terá oportunidade de visitar São Jorge, porque, de acordo com o administrador diocesano de Angra “não estava programada essa visita”.
Ainda assim, o padre Hélder Fonseca Mendes fala de uma “situação muito delicada em São Jorge”, onde já teve oportunidade de estar.
O sacerdote diz que se vive “uma situação delicada com sentimentos de incerteza, de alguma ansiedade, como se dores de maternidade se tratasse, pois parece que a ilha está para dar à luz e não sabemos quando é que será esse parto doloroso”.
“E todos os elementos da vigília Pascal, estão ali - o fogo e as cinzas, a morte e a vida, a fuga e o acolhimento. Enfim, há ali muitos sentimentos que partilho vivamente sobretudo com os párocos de São Jorge e com as populações de São Jorge."
Perante a incerteza, o sacerdote adianta que “metade da ilha praticamente está deslocada”, enquanto a outra “tem como alternativa poder vir a ser evacuada”.
O administrador diocesano de Angra assinala o contraste entre o que se vive em São Jorge e a realidade do resto do país, porque “enquanto nos Açores e no resto do pais estamos a preparar a Páscoa, já depois de a pandemia estar mais abrandada, e irão repicar os sinos para anunciar para anunciar o sepulcro vazio”, na ilha de São Jorge “os sinos das igrejas só tocarão em caso de início de vulcão”.
“É muito doloroso que os sinos de São Jorge estejam calados e só toquem para anunciar um vulcão”, remata.