Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

“São Paulo dá às mulheres os mesmos títulos que dá a si mesmo”, diz bispo de Lamego

19 abr, 2022 - 08:46 • Henrique Cunha

Novo livro de D. António Couto pretende responder à polémica que o texto da Carta aos Efésios provocou em agosto de 2021.

A+ / A-

O bispo de Lamego explica em livro o tratamento dado à mulher nos textos de São Paulo. Segundo o prelado, o Apóstolo dos Gentios não “desconsidera as mulheres”, pelo contrário “eleva-as ao seu nível tratando-as com os mesmos títulos”.

De acordo com o autor, o livro "As Mulheres nas Cartas de São Paulo", pretende responder à polémica que o texto da Carta aos Efésios provocou em agosto passado.

Em declarações à Renascença, D. António Couto, recorda que aquele texto da liturgia dominical retirado do capítulo cinco, “foi entendido como sendo antifeminista”, considerando que se trata de “uma ideia errada”, pois “São Paulo não desconsidera as mulheres”.

"Tentei escrever um texto completo em que apanho todas as mulheres que passam pela vida de São Paulo; apanho imensas mulheres que são tratadas com imenso carinho e pelo menos sempre ao mesmo nível de Paulo, de tal modo que o São Paulo dá às mulheres que trabalham consigo, que são suas cooperadoras, dá-lhes os mesmos títulos que dá a si mesmo” explica.

“Não me venham dizer que São Paulo desconsidera as mulheres, pelo contrário. São Paulo eleva as mulheres ao seu nível tratando-as com os mesmos títulos.”

O bispo de Lamego explica a polémica à volta da palavra ‘submissas’. O prelado esclarece que a “expressão ‘submeter-se’ não significa humilhar-se”, como é habitualmente entendida, mas antes expressa “o compromisso de, em total liberdade, ter o outro como prioritário” e essa “é toda a grandeza de São Paulo”. E é curioso como uma palavrinha como essa causa tanto escândalo em quem efetivamente se calhar não a compreende”, refere.

D. António Couto revela que tinha o livro pronto para publicação três meses depois da polémica, que surgiu por força da projeção dada pela transmissão televisa da Eucaristia dominical.

Na ocasião, foram vários os comentários críticos nas redes sociais, ampliados pela situação vivida no momento e que estava relacionada com a situação das mulheres no Afeganistão com a chegada ao poder dos talibãs.

“Quero que fique claro que o livro estava pronto em novembro e só foi publicado em março por decisão da editora, pelo que afirmar que o bispo publicou quase um ano depois um livro sobre a polémica é um puro disparate”, afirma.

O livro, editado pela Aletheia Editores, contextualiza o lugar da mulher nos textos de São Paulo, dividindo-os em três segmentos. "As mulheres nas cartas de S. Paulo", "A mulher nas Cartas revistas/editadas de S. Paulo" (onde se insere a Carta aos Efésios) e "A mulher nas interpolações, glosas ou paulinismos introduzidos nas Cartas de S. Paulo".

“Olhar a Família com os olhos de Deus”

Entretanto, o bispo de Lamego publicou também um livro sobre a Família. "Olhar a família com os olhos de Deus", com publicação da Paulus.

“Está a acabar o ano da família, vai acabar agora em maio e, portanto, também achei importante que houvesse alguma publicação sobre a família, de forma séria”, explica.

Revela que “a partir dos textos da escritura e, não só, também da cultura”, elaborou o livro.

O prelado adianta que “todos os dados são bíblicos, mas todos eles estão bem urdidos com a cultura, com dados culturais, importantes nos tempos que correm”, pois “a Família vive no seio da sociedade, e as ideias mudaram muito, a família mudou muito e tudo isso também tem que ser considerado”.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Ivo Pestana
    20 abr, 2022 Madeira 17:07
    Sou católico e acho a nossa Igreja, machista. Jesus revelou-se a duas mulheres, logo deveriam ter mais força, mas o Vaticano é quem mais ordena. Se não fosse Nossa Senhora, as mulheres seriam subalternas a cem por cento. Está na altura de mudar.

Destaques V+