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​As igrejas não são só museus, visitar também é aprender

27 abr, 2022 - 15:09 • Ângela Roque

De 29 de abril a 1 de maio, Lisboa acolhe encontro internacional do grupo ‘Pietre Vive’, que por todo o mundo promove visitas guiadas que ensinam a fazer a “leitura espiritual” dos locais de culto. Programa inclui conferências, workshops, um concerto e uma missa com fado. Coordenadora do projeto em Portugal diz à Renascença que é importante ajudar os cristãos a desenvolverem “uma nova relação com as igrejas onde vivem a sua fé”.

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Lisboa vai receber pela primeira vez o encontro internacional do grupo ‘Pietre Vive’ (Pedras Vivas). Ensinar a interpretar a arte sacra que existe nas igrejas, olhá-la para lá do seu valor histórico e patrimonial, é um dos objetivos da iniciativa ligada aos jesuítas que nasceu em 2008, em Roma, mas já se espalhou por vários países, a maioria na Europa.

Onde estão, as comunidades ‘Pietre Vive’, de espiritualidade inaciana, organizam visitas guiadas a locais de culto, que não são meras visitas turísticas: ensinam a olhar para as igrejas como “casas de cristãos”, onde a relação com o transcendente está presente em cada canto, em cada imagem, em cada símbolo. Porque, afinal, visitar uma igreja também se aprende.

“Uma visita Pietre Vive não é uma visita histórica, é uma visita em que a leitura que fazemos das imagens, das estátuas e do espaço arquitetónico, é uma leitura dos símbolos e uma leitura espiritual. A ideia é explicar como é que a arte sacra, no seu simbolismo e na sua linguagem, nos interpela nas nossas questões mais profundas, humanas e ligadas ao transcendente, e não olhá-la apenas no seu sentido artístico, nem na sua dimensão técnica ou histórica”, explica à Renascença Teresa Dias Costa, coordenadora da comunidade Pedras Vivas em Portugal que, na prática, nasce com este encontro internacional.

“Vários membros portugueses já tiveram experiências internacionais em Santiago de Compostela, em Roma e noutras comunidades, mas a maneira que escolhemos para fazer o arranque da comunidade cá foi fazer este encontro internacional de três dias, para lançar o projeto.”

Para esta responsável, é importante ajudar os cristãos a desenvolverem “uma nova relação com as igrejas onde vivem a sua fé”, porque “as imagens das igrejas católicas falam um código específico'. Quando aprendemos a ler estas imagens e visitamos outras igrejas, esse código mantém-se o mesmo, torna-se outra chave de leitura para se entrar em contacto com Deus. É uma maneira diferente de rezar”, sublinha.

Programa variado para um público jovem, e a JMJ como meta

Para além das iniciativas que, onde existem, os grupos Pietre Vive organizam, todos os anos se realiza um encontro internacional de formação numa cidade europeia. “Os membros das várias comunidades viajam até essa cidade para falar sobre um tema em comum. Este ano o tema é a vocação através da arte”, explica Teresa Dias Costa.

Em Lisboa, a iniciativa vai decorrer de 29 de abril a 1 de maio, e destina-se aos jovens dos 18 aos 35 anos das paróquias e movimentos católicos. A ideia é “dar a conhecer o projeto a quem nunca fez esta experiência”, refere a coordenadora do projeto em Portugal.

Todas as atividades são presenciais, mas também há a possibilidade de participação online. “O número de atividades em que se pode participar através da internet é mais reduzido, ainda assim as pessoas terão acesso às conferências principais e a um dos workshops, e ficam a conhecer bastante bem o projeto. E aí não há limite de idade, pode participar qualquer pessoa”, indica ainda. As inscrições podem ser feitas através do site www.pietre-vive.org/ ou do email pietrevive.lisboa@gmail.com.

O programa do encontro inclui duas conferências, uma sobre ‘A vocação na Bíblia’, e outra sobre “a vocação como tema que aparece na cultura Pop, e como é que o cinema e as suas imagens tendem a representar vocação”. Está ainda prevista uma sessão com testemunhos vocacionais, e uma série de sete workshops diferentes, que “vão desde a vivência da vocação através da música, até uma experiência guiada de oração na igreja de São Domingos”.

A maioria das atividades vão decorrer no CUPAV, o Centro Universitário Padre António Vieira, mas sábado, dia 30, os participantes vão andar mais pela Baixa de Lisboa, nomeadamente na igreja da Encarnação, no Chiado, onde irá decorrer a missa acompanhada por fadistas, “para partilhar um bocadinho daquilo que é a cultura portuguesa”.

Destaque ainda para o concerto do LabOratório. “É outro projeto da Companhia de Jesus em Portugal, de música sacra contemporânea”. Vai ser focado também no tema da vocação e vai decorrer na igreja de São João Baptista do Lumiar.

O programa inclui, ainda, uma conversa com o músico e pastor protestante Tiago Cavaco. “Vai ser num dos nossos workshops. Estamos muito contentes de o poder ouvir, porque na verdade os Pietre Vive, como experiência, procuram ser uma experiência ecuménica, e temos algumas comunidades que não são exclusivamente católicas, são cristãs, e cristãs protestantes. Vamos ouvi-lo falar sobre a vivência como pastor e sobre os projetos musicais que tem”.

O próximo objetivo da comunidade Pedras Vivas em Portugal é preparar iniciativas que marquem quem, no próximo ano, participar na Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa.

“Para já estamos focados no encontro desta semana, mas o passo a seguir para este projeto em Portugal é criar uma experiência de acolhimento durante a JMJ de 2023. Também foi uma das razões porque quisemos muito fazer o encontro este ano cá em Portugal, para mostrar Lisboa e para mostrar o potencial que a JMJ pode ter aqui, por isso estamos a começar a fazer uma parceria com o MAGIS, que é o projeto da Companhia de Jesus que vai acolher quem vem às Jornadas, nas semanas antes de começarem. Vamos começar a focar-nos nessa preparação”.

[notícia corrigida - encontro decorre de 29 de abril a 1 de maio e não entre 29 de abril e 3 de maio]

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