28 abr, 2022 - 15:39 • Ângela Roque
A crise social esteve em análise na Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
O comunicado final do encontro, que terminou esta quinta-feira, em Fátima, manifesta “preocupação com o desequilíbrio na sociedade relativamente aos rendimentos entre os portugueses, agravado com a inflação nos bens alimentares, energia, gás e combustíveis”, sublinhando que “o aumento do custo de vida e o expectável aumento dos juros são preocupações para as famílias e especialmente para quem está com despesas de mensalidades com habitação”.
D. José Traquina, bispo de Santarém e presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, informou a Assembleia que se regista, junto da rede Cáritas, um “aumento de pedidos de apoio por parte das comunidades migrantes em vários pontos do país”, mas salientou a “generosidade dos portugueses manifestada no apoio aos ucranianos”, nomeadamente através da campanha ‘Cáritas ajuda Ucrânia’.
A preocupar os bispos está também a crise que afeta já muitas instituições sociais. D. José Traquina deu conta da informação que vão recebendo “dos Centros Sociais Paroquiais e outras instituições particulares de solidariedade social (IPSS)”, cuja viabilidade está ameaçada “por dificuldades económicas, agora também a agravarem-se com a inflação”.
Ir ao supermercado ou ao mercado está cada vez mai(...)
O tema foi igualmente abordado pelo presidente da CEP na conferência de imprensa que encerrou a Assembleia Plenária, com D. José Ornelas a sublinhar que há muitas instituições em risco, algumas não têm sequer meios para fechar. “Eu tenho experiência de mais do que uma instituição que não encerrou porque não tinha dinheiro para encerrar, porque no encerramento é preciso indemnizar trabalhadores. A sobrevivência destas instituições precisa de uma reflexão muito grande. Estão instituições em risco, muitas", sublinhou.
O Presidente da CEP considerou, por isso, urgente uma ação do governo neste âmbito. “É absolutamente necessário, para que este setor não paralise, que haja uma resposta adequada por parte do governo, da tutela, de caráter social. Sabemos todos que o momento é muito sério, a todos os níveis, da economia e da organização social, mas tem de se encontrar, no diálogo com todos os intervenientes, soluções que permitam a sobrevivência”.
Os bispos portugueses reiteram “todo o interesse em colaborar” com a Comissão Independente que está a investigar os abusos sexuais de crianças nas instituições da Igreja.
A posição foi reafirmada no comunicado final da assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, que terminou hoje em Fátima.
A Comissão, liderada pelo psiquiatra Pedro Strecht, foi recebida pelos bispos, que foram informados do “trabalho realizado até ao momento”.
No comunicado, a CEP reafirma o “pedido de perdão” às vítimas, e agradece “a quem se aproximou para contar a sua dura história”.
A Assembleia Plenária da CEP escolheu o bispo de Santarém e responsável pela Pastoral Social, D. José Traquina, para Vogal do Conselho Permanente, para 2022-2023, em substituição do cardeal António Marto, que é agora bispo emérito de Leiria-Fátima.
O Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa é presidido por D. José Ornelas, atual bispo de Leiria-Fátima, e tem como vice-presidente o bispo de Coimbra, D. Virgílio Antunes. São Vogais o cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, o bispo do Porto, D. Manuel Linda, o arcebispo de Braga, D. José Cordeiro, o arcebispo de Évora, D. José Senra Coelho e agora também o bispo de Santarém, D. José Traquina. O secretário deste organismo é o porta-voz da CEP, padre Manuel Barbosa.