29 abr, 2022 - 16:36 • Ângela Roque
“O abuso, em todas as suas formas, é inaceitável”, mas “o abuso sexual de crianças é particularmente grave, porque ofende a vida no seu crescimento”, afirmou o Papa esta sexta-feira, durante a audiência privada que concedeu à Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores (CPPM), que esteve reunida em assembleia plenária.
Lembrando que “as pessoas abusadas às vezes se sentem presas entre a vida e a morte”, e que estas são “realidades que não podemos apagar”, Francisco pediu à Comissão “atenção contínua” ao que se passa nas igrejas locais, sublinhando que ouvir as vítimas “é uma prioridade” e que “cada membro da Igreja, de acordo com o seu estatuto, é chamado a assumir a responsabilidade de prevenir os abusos e trabalhar pela justiça e pela cura”.
Em conferência de imprensa, no final do encontro, o cardeal Sean O’Mailley, que preside à Comissão, explicou que o Papa quer saber de que forma as conferências episcopais de cada país estão, ou não, a cumprir as diretrizes do Vaticano. “O Papa quer que a Comissão garanta que as vítimas são bem acolhidas e encontram uma porta aberta quando recorrem à Igreja nos seus países. Ouvir as vítimas tem de ser uma prioridade para toda a Igreja”.
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A Comissão, assegurou, vai trabalhar “para garantir que as estruturas de acolhimento funcionam em cada igreja local. O Papa quer que tenhamos a responsabilidade de supervisionar, promover e encorajar esse acolhimento, dando-lhe conta dos progressos que forem feitos”. Francisco pediu à Comissão que elabore um relatório anual sobre o que está a ser feito e o que é preciso mudar, porque dessa transparência também depende a confiança que se deposita na Igreja.
Comissão integra organograma da Cúria
Prova da prioridade que está a ser dada à questão dos abusos, disse o cardeal O’Mailley, é a integração da Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores no Dicastério para a Doutrina da Fé. “Pela primeira vez o Santo Padre colocou a importância da proteção das crianças no centro do governo da Igreja. Agradecemos o seu constante apoio”, afirmou.
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A decisão foi tomada no âmbito da reforma da Cúria, prevista na constituição apostólica ‘Praedicate Evangelium’, que vai entrar em vigor a 5 de junho. No encontro desta sexta-feira Francisco garantiu que a mudança não põe em causa a liberdade nem a independência da Comissão, que vai continuar a reportar diretamente ao Papa. Explicou, ainda, que quis colocar a CPPM “no organograma da Cúria” para evitar que funcionasse como um “satélite”.
A situação na Ucrânia foi também abordada na conferência de imprensa da Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores, que está preocupada com a situação de muitas crianças ucranianas que a guerra deixou órfãs, ou separou dos pais. “Estamos muito preocupados com as crianças não acompanhadas que atravessam a fronteira, e com o risco de tráfico que existe quando estão separadas dos seus pais e há dificuldades em identificar de onde são, garantindo a sua segurança”, afirmou Sean O’Mailley, confirmando que “alguns elementos da Comissão estiveram recentemente na Ucrânia, e também na Polónia”.
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