17 mai, 2022 - 14:44 • Aura Miguel
O arcebispo Paul Gallagher, responsável do Vaticano para as Relações com os Estados, chega à Ucrânia nesta quarta-feira para se reunir com o seu homólogo, o ministro das relações exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba.
A viagem acontece num momento diplomaticamente delicado, em que a Santa Sé tenta manter vivos os laços pouco consolidados com a Igreja Ortodoxa Russa enquanto, ao mesmo tempo, oferece um significativo apoio solidário aos fiéis ucranianos, como se verificou com a presença de dois cardeais de confiança na Ucrânia e países limítrofes para avaliar as necessidades humanitárias dos refugiados.
A visita do chefe da diplomacia da Santa Sé insere-se na busca deste equilíbrio em que, por um lado, o Papa critica a “guerra bárbara”, a indústria de armas e o “recurso louco” em rearmar a Ucrânia, mas também reconhece que os Estados têm o direito e o dever de repelir um “agressor injusto”.
Numa recente entrevista à RAI, televisão estatal italiana, o arcebispo Gallagher comenta que a atitude da Santa Sé “tem que ser proporcional”, ou seja, "a Ucrânia tem o direito de se defender e precisa de armas para se defender, mas tem que ser prudente na forma como é feito."
Sobre as críticas de alguns por Francisco não condenar explicitamente a Rússia, nem o Presidente Vladimir Putin, monsenhor Gallagher refere que o facto do Papa ter encontrado recentemente as esposas de dois soldados ucranianos resistentes na siderúrgica de Mariupol, foi mais um gesto da “nossa preocupação e participação no sofrimento dessas famílias”.
O diplomata recordou ainda que “a linha intermediária de Francisco é uma evidência da tradição diplomática da Santa Sé, em não chamar os agressores pelo nome e manter sempre esforços para abrir caminhos de diálogo com ambos os lados em conflito”.
Até agora, Francisco recusou o convite do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, para visitar a Ucrânia, dizendo recentemente numa entrevista ao “Corriere della Sera” que quer ir primeiro a Moscovo falar com o Presidente russo, mas que Vladimir Putin ainda não lhe respondeu.
“A Santa Sé tem essa vocação”, confirmou Gallagher, à RAI. "Tentamos nunca nos colocar de um lado ou de outro, mas criar um espaço de diálogo e estar à disposição de todos em prol da paz e encontrar soluções para esses terríveis conflitos”.
Quarta-feira - Lviv
- Visita a S. E. Mons. Igor Vozniak, arcebispo greco-católico de Lviv
- Visita a uma estrutura de acolhimento para refugiados
Quinta-feira – Lviv
- Encontro com o Sr. Maksym Kozytskyy, presidente da Região de Lviv
- Encontro com S. B. Sviatoslav Schevchuk, arcebispo maior de Kyiv-Halyc
- Encontro com S.E. Mons. Stanislaw Gqdescki, presidente da conferência episcopal polaca
Sexta-feira – Kiev
- Encontro com o Sr. Dmytro Kuleba, Ministro dos negócios estrangeiros - Conferência de Imprensa
- Visita aos locais atingidos pela guerra