20 mai, 2022 - 20:07 • Teresa Paula Costa
O padre Augusto César tinha apenas 40 anos quando, a 21 de maio de 1972, na Capela das Filhas da Caridade de S. Vicente de Paulo, em Lisboa, era ordenado bispo pelo então cardeal patriarca D. António Ribeiro.
Era apanhado de surpresa com a nomeação, alguns meses antes, pois nunca tinha pensado em um dia ser bispo, muito menos tão novo.
Em entrevista à Renascença, revela que “foi uma novidade", porque nunca esperou "ser nomeado bispo nem achava que tinha qualidades para isso”.
Augusto César Alves Ferreira da Silva nascia no lugar de Paredes, freguesia de Fervença, concelho de Celorico de Basto, arquidiocese de Braga, a 15 de março de 1932.
Em 1946 entrava no seminário de S. José, em Lagares, Felgueiras.
Mais tarde, era ordenado sacerdote e, a 24 de julho de 1960, partia para Moçambique, onde estaria ligado à formação nos seminários.
Uma outra passagem pela diocese de Tete, durante o período da guerra, dar-lhe-ia uma outra perspetiva sobre a vida e a morte.
Deste modo, olha para o momento que vivemos com alguma crítica e faz o que pode para ajudar.
“Vejo, sobretudo, o modo como se tratam as pessoas, como lixo”, lamenta o bispo emérito, que não esconde que “isto magoa profundamente”.
Outra realidade que mudou os seus dias foi a pandemia de covid-19.
“A oração nunca foi para tão longe como agora, porque todos os países, mesmo os que não sei onde estão, passam pelos mesmos problemas que nós”, justifica, salientando que, atualmente, o que o leva sobretudo a rezar são os ucranianos.
D. Augusto César revela que reza “pelo seu sofrimento atroz”, mas também “pelos chefes da Rússia, para que o Senhor lhes abra os olhos e os converta”.
Em 1978, e já depois da ordenação episcopal, o Papa João Paulo I nomeou-o bispo da diocese de Portalegre-Castelo Branco.
Ali permaneceu durante quase 26 anos, dedicando-se à evangelização, visitando as comunidades, e empenhando-se na formação do clero, dos leigos e, ainda na estruturação da diocese.
Viu muitas pessoas a passar por dificuldades e foi-se mantendo atento, experiência que, diz, o ajudou “a ser humilde”.
Atualmente, D. Augusto César vive, na condição de emérito, na Casa das Filhas da Caridade, de S. Vicente de Paulo, em Fátima, mas mantem-se ativo. “Celebro todos os dias e quando me pedem faço retiros e presido a peregrinações nacionais”, revela com satisfação, dado que “não vejo a minha vida de outra maneira”.
D. Augusto César diz, em tom de brincadeira, que “gostava de ser santo”. Coisa que “ainda não sou, e demorará, não sei quanto tempo”. “Só o Senhor saberá”, acrescenta o bispo.
Quanto à Igreja à qual pertence, D. Augusto César diz que gostaria que ela fosse o exemplo do diálogo. Considerando que “é preciso que haja entre os bispos e os sacerdotes maior diálogo”, o bispo emérito defende que “este diálogo seja implantado no meio do povo, para que o povo aprenda também a dialogar”.
Depois da celebração da Eucaristia, na concatedral de Portalegre-Castelo Branco, neste sábado às 11h00, D. Augusto César presidirá à peregrinação diocesana a Fátima, no dia 29 de maio. De tarde, nesse dia, continuará com os diocesanos de Portalegre-Castelo Branco no Auditório Paulo VI em Fátima, onde haverá um programa a cumprir com espaço suficiente para quem, da diocese, quiser participar.