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Pessoas com deficiência dão testemunho para o Sínodo

20 mai, 2022 - 16:30 • Ana Lisboa

O Dicastério do Vaticano para os Leigos, a Família e a Vida em colaboração com a Secretaria-geral do Sínodo dos Bispos organizou um encontro online em que participaram 30 pessoas, de 20 países.

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"A Igreja é a vossa casa. O contributo das pessoas com deficiência para o Sínodo sobre a Sinodalidade" foi o tema de uma sessão que decorreu em formato online, promovida pelo Dicastério do Vaticano para os Leigos, a Família e a Vida em parceria com a Secretaria-geral do Sínodo dos Bispos

As conclusões foram conhecidas esta sexta-feira através de uma nota divulgada pela Sala de Imprensa da Santa Sé.

O encontro, no qual participaram também representantes de conferências episcopais e associações internacionais, "teve o objetivo de 'dar voz' diretamente às pessoas com deficiência, fiéis que muitas vezes se encontram à margem das nossas igrejas", refere o documento.

Embora muitos deles já tenham estado envolvidos noutros encontros promovidos pelas paróquias, dioceses e associações, o encontro "foi de facto o lançamento de um verdadeiro processo sinodal internacional a eles dedicado".

Os participantes com deficiências sensoriais, físicas ou cognitivas "puderam expressar-se nas suas próprias línguas com vista à redação conjunta de um documento para responder à questão fundamental do Sínodo: Como estamos a caminhar com Jesus e com os nossos irmãos para o anunciar? Para o futuro, o que é que o Espírito pede à nossa Igreja para crescer no caminho com Jesus e com os irmãos para o anunciar"?

Testemunhos comoventes

Quatro testemunhos comoventes da Libéria, Ucrânia, França e México "chamaram a atenção para a necessidade de ultrapassar a discriminação, a exclusão e o paternalismo".

Entre estas declarações emocionantes, destaque para as palavras de uma catequista francesa com síndrome de Down que afirmou "ao nascer, podia ter sido abortada. Estou feliz por viver", e acrescentou "amo a todos e agradeço a Deus por me ter criado". Consagrada, ela "recebeu um duplo mandato do seu bispo: oração e evangelização".

Superar preconceitos

Na abertura desta sessão, o cardeal Mario Grech, Secretário-Geral da Secretaria do Sínodo dos Bispos, partilhou a sua experiência pessoal: "Tenho uma dívida para com as pessoas com deficiência. Foi um deles que me colocou no caminho para uma vocação sacerdotal. Se o rosto do irmão ou irmã deficiente for descartado, é a Igreja que se torna deficiente", sublinhou.

Por seu turno, o Secretário do Dicastério para os Leigos, Família e Vida, o padre brasileiro Alexandre Awi Mello, disse aos participantes que no processo sinodal o desafio é "superar todo o preconceito de quem acredita que aqueles que têm dificuldade em se expressar, não têm pensamento próprio, nem nada de interessante para comunicar".

A terminar, a irmã Nathalie Becquart, subsecretária da Secretaria do Sínodo dos Bispos, propôs aos participantes que fizessem um momento de silêncio, para "ouvir como o Espírito Santo falou a cada um".

Um documento comum para o Sínodo

Os participantes foram convidados a "elaborar nos próximos meses um documento comum a partir das suas experiências e conhecimentos sobre o mundo da deficiência, que amadureceram em primeira pessoa e através do seu empenho pastoral".

O documento será depois entregue à Secretaria-geral do Sínodo dos Bispos "para ser tido em conta na prossecução do caminho sinodal".

Este encontro faz parte de um percurso lançado em dezembro de 2021 pelo Dicastério do Vaticano para os Leigos, a Família e a Vida com a campanha de vídeo #IamChurch, sobre o protagonismo eclesial das pessoas com deficiência.

Pretende ser uma resposta ao apelo do Papa lançado na Encíclica Fratelli Tutti quando convida as comunidades a 'dar voz' àqueles "'exilados escondidos' que sentem que existem, sem pertencer e sem participar". O objetivo - continua o Santo Padre - "não é apenas a assistência, mas a participação ativa na comunidade civil e eclesial".

O processo vai terminar nos próximos meses com uma reunião presencial em Roma.

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