26 mai, 2022 - 08:50 • Lusa
Um conjunto de embarcações, entre elas uma caravela, vai iniciar no sábado o cruzeiro inaugural do Caminho Marítimo de Santiago, que passará por nove portos portugueses e três galegos, ao longo de 17 dias, anunciou a organização.
António José Correia, da Fórum Oceano - Associação de Economia do Mar, contou à agência Lusa que este cruzeiro será o "primeiro teste" de um projeto que visa criar, por mar, uma estrutura de apoio que permita a qualquer pessoa percorrer a costa portuguesa rumo a Santiago de Compostela, na região espanhola da Galiza.
A mesma fonte disse que a criação de um percurso marítimo foi "um desafio" apresentado pela Upstream à Fórum Oceano para, "com as redes das estações náuticas" que existem ao longo da costa portuguesa, se poder "estruturar o Caminho Marítimo de Santiago em Portugal, no quadro do Caminho Português de Santiago".
"Falei com as estações náticas e houve uma unanimidade em acolherem este projeto, porque vai criar condições para que, em qualquer altura do ano, qualquer nauta, peregrino nauta ou qualquer velejador possa demandar os portos que nós denominámos como portos de Santiago", afirmou António José Correia.
Aquele responsável salientou que há "uma listagem de cerca de 40 portos, uns mais pequenos, outros maiores, uns com mais ligação à rota que a "barca de pedra" terá traçado vinda de Jaffa [em Israel] até à Galiza" quando transportou o Santo Peregrino para Compostela no ano 40 do primeiro milénio, que poderão depois ser utilizados pelos viajantes.
Para lançar publicamente o projeto, no sábado, Vila Real de Santo António marcará o ponto de partida do "cruzeiro inaugural e demonstrativo", composto por um conjunto de embarcações que irá crescendo à medida que a viagem prossegue para norte, entre as quais se encontra a caravela Vera Cruz, que "irá ser visitada por 3.500 crianças" durante as paragens.
"A caravela vai fazer o percurso todo de Vila Real de Santo António, que é de onde vamos largar, até à Galiza, concretamente até Vila Garcia de Arosa, e vai levar a bordo, para além da tripulação que vai assegurar a navegação, convidados e os "media" que estão a envolver-se com este cruzeiro", explicou.
A colaboração das estações náuticas - que "são coordenadas por municípios ou comunidades intermunicipais", exceto a do Baixo Guadiana, em Vila Real de Santo António, gerida por uma associação naval - permite "garantir" que em cada porto há "condições de acolhimento ao nível das embarcações" e apoio para "receções" ou "para algum alojamento".
Vila Real de Santo António marcará no sábado a partida do cruzeiro e, ao longo de 17 dias, serão feitas "10 etapas", com passagem por "nove portos portugueses e três na Galiza" para publicitar e dar a conhecer um "produto que fica como projeto nacional" para atrair mais navegantes a essas estruturas.
António José Correia sublinhou que a iniciativa tem "uma componente pública", indicando que o cruzeiro vai passar por localidades como Vilamoura, Lagos, Sines, Cascais, Peniche, Aveiro, Matosinhos, Baiona, Vila Gracia de Arosa ou Padrón e estimou que a "estruturação" de todo o Caminho Marítimo de Santiago em Portugal esteja "feita até final do ano".
"É esse o nosso horizonte temporal. Iremos fazer por fases, mas a partir do momento que fazemos o cruzeiro inaugural, com a identificação em cada local daquilo que são as entidades acolhedoras, criaremos condições para que o Caminho se se possa fazer", referiu.
Segundo António José Correia, o objetivo é "fazer a estruturação até ao final do ano e depois, para o ano, ter um cruzeiro ainda mais robusto e já com a experiência e a aprendizagem toda deste ano inaugural".