10 jun, 2022 - 19:09 • Teresa Paula Costa
Olhem para o futuro com coragem, apesar das dificuldades do momento presente. O apelo foi deixado esta sexta-feira pelo bispo da diocese de Leiria-Fátima às milhares de pessoas presentes no recinto do Santuário de Fátima para a Peregrinação das Crianças, um momento especial na vida da Igreja.
Defendendo que as crianças são hoje o “tesouro mais precioso da Humanidade”, D. José Ornelas lembrou “os meninos e meninas da Ucrânia, que vivem, não só a pandemia, não só a falta de muitas coisas, mas uma guerra injusta e cruel que destrói as casas deles, as escolas e os hospitais”.
“Eles estão sempre no nosso coração”, afirmou o bispo, que disse esperar “que nós sejamos também capazes de ajudá-los, de dar-lhes coragem para vencer estas dificuldades e para viverem e construírem o seu país.”
“Tendo Jesus por perto, mesmo as coisas mais difíceis são possíveis”, acrescentou o prelado.
Aos milhares de crianças e jovens presentes no recinto, D. José Ornelas pediu também que vejam Deus, não como um “castigador”, mas como um Pai “misericordioso”.
“Voltemos todos para casa com esta imagem de Deus para termos a Sua alegria, a Sua coragem e a Sua confiança”, exortou o bispo, que considerou essencial “mostrar a todo o mundo o rosto misericordioso de Deus, nosso Pai, que nos quer bem, sempre nos anima, sempre nos acolhe e sempre nos salva”.
No final da celebração, foi entregue uma lembrança a todas as crianças e jovens presentes. Um coração feito de madeira, com o lema da peregrinação: “Gostei muito de ver Nosso Senhor.
Segundo o reitor do Santuário de Fátima, o padre Carlos Cabecinhas, a intenção foi levar as crianças a “perceberem que elas próprias são convidadas a acolher Deus no seu coração, como os pastorinhos fizeram”.
Por outro lado, o santuário quis que as crianças também percebessem que “elas também estão no coração de Deus”. Por isso, o coração tem, na parte de trás, um espelho, para que as crianças se vejam “presentes no coração de Deus”.
“A ideia que queremos transmitir”, concretizou o sacerdote, em declarações aos jornalistas, é que, “neste tempo, há tantas dificuldades que afetam as crianças, desde a pandemia à realidade da guerra, os abusos”, mas “elas estão no coração de Deus.”
Para assinalar esta peregrinação, o número de junho do jornal “Voz da Fátima”, que está a assinalar 100 anos de vida, foi escrito por crianças.
“A ideia arrojada foi entregar a redação do jornal às crianças”, revelou o padre Carlos Cabecinhas, que reconheceu ter sido “um desafio enorme”, não só pela sua falta de experiência como também da recetividade dos assinantes.
Para D. José Ornelas, esta foi a primeira peregrinação das crianças a que presidiu nesta qualidade. Um momento “emocionante” e “altamente significativo”, revelou aos jornalistas.
“É bom voltar a ver esta peregrinação neste contexto em que celebramos os valores fundamentais deste santuário”, salientou.
O sentimento foi partilhado pelo reitor do Santuário de Fátima: “Para nós é um momento de alegria podermos regressar de forma presencial”, confessou.
Em declarações aos jornalistas, o padre Carlos Cabecinhas admitiu que, apesar de esta ser, em número de participantes, a segunda maior peregrinação anual, este ano esteve presente “um número reduzido de crianças, comparando com o que eram os números pré-pandemia”.
Contudo, é “um bom sinal, dá-nos ânimo, mostra-nos que estamos a regressar à normalidade possível”, relevou o padre Carlos Cabecinhas.