14 jun, 2022 - 10:51 • Henrique Cunha
“Quantos pobres gera a insensatez da guerra!” O Papa Francisco deixa a exclamação na sua mensagem para o VI Dia Mundial dos Pobres que se assinala no XXXIII domingo do tempo comum; este ano, a 13 de novembro.
No texto divulgado esta terça-feira pelo Vaticano, Francisco sublinha que “os mais atingidos pela violência são as pessoas indefesas e frágeis”.
O Papa lembra que “a guerra na Ucrânia veio juntar-se às guerras regionais que, nestes anos, têm produzido morte e destruição” e fala de “um quadro mais complexo devido à intervenção direta duma superpotência que pretende impor a sua vontade contra o princípio da autodeterminação dos povos”.
“Vemos repetir-se cenas de trágica memória e, mais uma vez, as ameaças recíprocas de alguns poderosos abafam a voz da humanidade que implora paz”, reforça.
É neste contexto “tão desfavorável” que o Papa chama a atenção para a necessidade de se manter a solidariedade para com os mais necessitados, em particular “os milhões de refugiados das guerras”.
Francisco aplaude a capacidade de acolhimento demonstrada, mas alerta para o facto de que “quanto mais de alonga o conflito, tanto mais se agravam as suas consequências”.
“Os povos que acolhem têm cada vez mais dificuldade em dar continuidade à ajuda; as famílias e as comunidades começam a sentir o peso duma situação que vai além da emergência”, afirma o Papa que entende que “este é o momento de não ceder, mas de renovar a motivação inicial."
Francisco saúda o “significativo crescimento do bem-estar de muitas famílias” nos vários continentes, como “resultado positivo da iniciativa privada e de leis que sustentaram o crescimento económico, aliado a um incentivo concreto às políticas familiares e à responsabilidade social”.
O Papa não deixa, contudo, de criticar o valor que por vezes se dá ao dinheiro, pois “não pode tornar-se um absoluto, como se fosse o objetivo principal”.
“Um tal apego impede de ver, com realismo, a vida de todos os dias e ofusca o olhar, impedindo de reconhecer as necessidades dos outros”, afirma.
Na mensagem, Francisco deixa, por outro lado, um alerta para que não se tenha um “comportamento assistencialista com os pobres”, pois “não é o ativismo que salva, mas a atenção sincera e generosa que me permite aproximar dum pobre como de um irmão”.
Na mensagem de 10 pontos, Francisco insiste na ideia de que “a pobreza que mata é a miséria, filha da injustiça, da exploração, da violência e da iniqua distribuição dos recursos” e dá o exemplo de Carlos de Foucauld, canonizado a 15 de Maio, “um homem que, tendo nascido rico, renunciou a tudo para seguir Jesus e com Ele tornar-se pobre e irmão de todos”.
Francisco termina a sua mensagem manifestando o desejo de que o “VI Dia Mundial dos Pobres se torne uma oportunidade de graça, para fazermos um exame de consciência pessoal e comunitário, interrogando-nos se a pobreza de Jesus Cristo é a nossa fiel companheira de vida”.