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​Encontro Mundial das Famílias

Papa quer famílias de braços abertos

22 jun, 2022 - 19:14 • Aura Miguel

"Sem famílias acolhedoras, a sociedade seria inabitável", declarou Francisco, no arranque do Encontro Mundial das Famílias, em Roma.

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O Papa Francisco participou nesta quarta-feira num Festival intitulado “A beleza das famílias” com milhares de participantes de 120 países reunidos em Roma para o X Encontro mundial das famílias que decorre até ao próximo domingo.

Após ter ouvido vários testemunhos de experiências familiares muito diversas, o Santo Padre agradeceu a coragem dos que aceitaram partilhar as dificuldades, angústias e esperanças e as vivem à luz da fé.

Uma espécie de “amplificadores”, disse Francisco, que encorajou as famílias a serem realistas e caminharem juntos “como esposos, juntos na vossa família, juntos com as outras famílias, juntos com a Igreja”.

Francisco sublinhou que “o matrimónio não é uma formalidade a ser cumprida”. “Não vos casais para ser católicos ‘com a etiqueta’, para obedecer a uma regra ou porque a Igreja assim o diz; casais-vos, porque quereis fundar o matrimónio no amor de Cristo, que é firme como uma rocha”, declarou.

O Papa desejou a todos “coragem”, porque “a vida

familiar não é uma missão impossível. Com a graça do sacramento, Deus torna-a uma viagem maravilhosa que se há de fazer juntamente com Ele; nunca sozinhos”.

O exemplo de Chiara Corbella, com um processo de beatificação em curso, foi testemunhado pelos seus próprios pais.

Afetada por uma grave doença, recusou uma intervenção de risco para salvar a vida do filho quando estava grávida. Acabaria por falecer quando a criança tinha apenas um ano de idade.

“No coração de Chiara, Deus colocou a verdade de uma vida santa e, por isso, quis salvar a vida do seu filho à custa da própria vida”, comentou o Papa.

As crises e infidelidade entre esposos também foram abordadas por um casal africano, sem esconder as causas: “a falta de sinceridade, a infidelidade, o mau uso do dinheiro, os ídolos do poder e da carreira, o rancor crescente e o endurecimento do coração”.

Francisco deixou o alerta: “Ver a família desagregar-se é um drama que não pode deixar ninguém indiferente. O sorriso dos esposos desaparece, os filhos sentem-se perdidos, de todos desaparece a serenidade. E, na maioria dos casos, não se sabe o que fazer.”

O Papa recordou que o desejo de uma vida plena numa se apaga do coração. “Ninguém quer um amor de ‘curto prazo’ ou com ‘prazo estabelecido’. E por isso sofre-se tanto, quando as falhas, as negligências e os pecados humanos fazem

naufragar um casamento”, mas “o perdão cura todas as feridas; é um dom que brota da graça com a qual Cristo inunda o casal e a família inteira, quando se deixa Ele agir”.

Especial comoção sentiu-se no auditório quando a viúva muçulmana de um diplomata italiano testemunhou a beleza de um matrimónio misto (de um muçulmano com um católico), com três filhas menores e que dedica a vida a uma obra social de apoio aos mais desfavorecidos.

Iryna e Sofia, mãe e filha cuja vida foi transtornada pela guerra na Ucrânia, foram acolhidas por uma família numerosa italiana.

“Em vós, vemos os rostos e as histórias de tantos homens e mulheres que tiveram de fugir da sua terra”, disse o Papa.

“Obrigado por não terdes perdido a fé na Providência, vendo como Deus atua em vosso favor inclusivamente através das pessoas concretas que vos fez encontrar: famílias hospitaleiras, médicos que vos ajudaram e tantas outras pessoas de bom coração”.

E acrescenta: “A guerra confrontou-vos com o cinismo e a brutalidade humana, mas encontrastes também pessoas de grande humanidade. O pior e o melhor do ser humano! É importante, para todos, não permanecer fixados no pior, mas valorizar o melhor, o bem imenso de que é capaz todo

ser humano e, a partir daí, recomeçar.”

Francisco agradeceu também a Pietro e Erika que, generosamente, com seis filhos, acolheram Iryna e Sofia no seio da sua família.

“Não as acolhemos porque somos bons, mas porque o Senhor nos chama ao acolhimento”, disse Pietro. E, no final deste contexto de festa, com os mais novos irrequietos a correrem enquanto o pai dava o seu testemunho, Francisco concluiu: "As famílias são lugares de acolhimento, e ai de nós se deixassem

de existir! Sem famílias acolhedoras, a sociedade tornar-se-ia fria e inabitável”.

O Encontro Mundial das Famílias prossegue com catequeses e painéis temáticos até domingo, concluindo com uma missa presidida pelo Papa, no sábado à tarde e com o Angelus, no domingo de manhã.

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