22 jun, 2022 - 18:50 • Ângela Roque
Os bispos portugueses aprovaram esta quarta-feira a constituição da Equipa Sinodal que irá elaborar o documento que terá de ser enviado pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) ao Vaticano. O documento fará um resumo das conclusões “a partir das sínteses diocesanas” que têm estado a ser divulgadas, depois da consulta que decorreu a nível nacional no âmbito da chamada “fase diocesana”, primeira etapa do caminho que conduzirá ao Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade, previsto para outubro de 2023.
A síntese “será enviada à Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos até 15 de agosto de 2022”, indica o comunicado divulgado pela CEP no final da Assembleia Plenária extraordinária, que decorreu em Fátima, e na qual participaram o Núncio Apostólico e as presidentes da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) e da Conferência Nacional dos Institutos Seculares de Portugal (CNISP).
O comunicado da CEP indica que a Equipa nomeada pelos bispos é constituída por sete elementos: “Carmo Rodeia, Diretora do Departamento de Comunicação do Santuário de Fátima; Anabela Sousa, Diretora do Departamento de Comunicação da Diocese de Setúbal; Isabel Figueiredo, Diretora do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja; Paulo Rocha, Diretor da Agência Ecclesia; Pedro Gil, Diretor do Departamento de Comunicação do Opus Dei; Padre Eduardo Duque, Diretor Nacional da Pastoral do Ensino Superior; Padre Manuel Barbosa, Secretário da CEP”, que será o coordenador.
O processo sinodal de escuta esteve igualmente em análise nas Jornadas Pastorais do Episcopado, que decorreram segunda e terça-feiras, em Fátima. Os mais de 100 participantes no encontro - que abriu portas a padres e leigos das 21 dioceses e dos vários serviços da CEP - concluíram que o processo de escuta revelou “fragilidades, oportunidades e desafios”, mas que deve ter "continuidade”.
O comunicado final das Jornadas, divulgado apenas esta quarta-feira, sublinha que há preocupações comuns nas várias dioceses - por exemplo, quanto ao “excessivo clericalismo” ou à dificuldade em acolher e escutar os jovens, os excluídos, ou quem é “diferente”.
Do encontro saiu um conjunto de sugestões a que os bispos prometem dar atenção “na próxima Assembleia Plenária”. Uma delas indica que é preciso "apostar na comunicação, interna e externa", e definir um plano para esta área na Igreja.
Tornar a nomeação de novos bispos "mais célere", repensar a formação nos seminários e a formação permanente dos sacerdotes, reorganizar os serviços da CEP, com maior participação dos leigos, criar novos ministérios laicais e promover o "papel das mulheres" na Igreja, foram algumas das propostas feitas pelos 10 grupos de trabalho que se reuniram durante as Jornadas.
Na Assembleia Plenária da CEP desta quarta-feira foi aprovado o documento «Ministérios Laicais para uma Igreja Ministerial», relativo aos ministérios já instituídos de Leitor, Acólito e Catequista, remetendo-se para mais tarde a avaliação de outras decisões.
“A Conferência Episcopal Portuguesa propõe que, no âmbito do processo sinodal em marcha e depois de consolidada a prática dos ministérios oficialmente já instituídos, se abra um caminho de diálogo e de reflexão pastorais, com propostas bem concretas, em ordem ao reconhecimento e/ou à instituição de novos ministérios laicais”, lê-se no comunicado.
No encontro foi também analisado o documento que define as bases comuns de atuação das Comissões Diocesanas para Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis, recentemente aprovado pela Equipa de Coordenação Nacional.
Os bispos também acertaram os procedimentos de “acesso aos arquivos diocesanos” por parte do Grupo de Investigação Histórica ligado à Comissão Independente que está a fazer o estudo dos abusos na Igreja, tendo divulgado um documento com “12 perguntas e respostas” sobre os arquivos das dioceses, onde se explica, entre várias questões, que documentos são arquivados e quem guarda o arquivo secreto.