08 jul, 2022 - 08:50 • Henrique Cunha
Tiago queria ser padre "com dois anos" e Alexandre seguiu o caminho do sacerdócio depois de "uma provocação do seu pároco". Tiago Dias e Alexandre Moreira são dois dos seis novos sacerdotes que o Bispo do Porto ordena no domingo. Em entrevista à Renascença, os dois falam do seu percurso de vida e da forma como foi “crescendo a vocação”.
Alexandre revela que "o projeto de vida" surgiu da provocação do seu pároco e sublinha que, por vezes, “o provocar de uma pessoa é capaz de despertar para aquilo que, por vezes, já seria a vocação”.
No caso, Alexandre afirma que “o seu exemplo e o seu testemunho serviu para colocar em cima da mesa essa hipótese”. O futuro sacerdote diz que “foi um processo que ficou a maturar sem nunca saturar, até entrar para o seminário em 2014”.
“Foi por isso a partir de uma provocação que se colocou em cima da mesa esta forte possibilidade de entrar para o seminário", sublinha.
Já Tiago Dias adianta que a ideia de ser Padre surgiu muito cedo na sua vida, até porque “desde sempre que digo que quero ser padre”.
“Não encontro na minha história pessoal, um momento chave, um momento de decisão. Foi uma ideia que foi amadurecendo, e que esteve presente sempre”, adianta.
Tiago revela que “dizia que queria ser padre com dois, três, quatro, cinco anos”, confessa que "sentia fascínio pelas celebrações e procissões". Uma espécie de "ideia infantil da fé" que foi crescendo no seu coração.
O jovem adianta que “era uma ideia um bocadinho infantil da fé, que já transportava para alguma coisa interior”. “Eu hoje consigo olhar para trás e perceber que houve alguma coisa interior que me fez movimentar o coração e que me fez olhar para fé e para a pessoa de Jesus Cristo de uma maneira completamente diferente", reforça.
Tiago e Alexandre são ordenados num momento em que a Igreja vive um processo de sinodalidade; uma realidade que merece a reflexão dos futuros sacerdotes.
Alexandre diz que escolheu para lema de ordenação uma passagem do Evangelho de São Mateus: “Recebeste de graça dai de graça", para significar que "o Padre dos dias de hoje tem de ser alguém que sabe partilhar convenientemente aquilo que recebeu de Cristo". Na opinião de Alexandre, “o padre encontra na feliz felicidade a Cristo o motivo e a expressão de um amor que brota do seu coração e que depois transparece nas suas ações".
“O padre dos tempos correntes ou é este fiel discípulo de Cristo ou será um mero funcionário que em cada serviço ou problema ou situação agirá mais com a razão do que com o coração”. alerta.
Nesta perspetiva, Alexandre diz ser conveniente que “esta dupla dimensão da fé - a razão e a fé - se encontrem unidas e acima que possam ser sempre equilíbrio para o exercício do ministério ordenado que é isso que hoje nos motiva e nos transporta".
Por sua vez, Tiago Dias sublinha o facto de estarmos a viver um período de mudança em que o "cristianismo passou a ser uma religião minoritária". “A presença do catolicismo em Portugal é uma presença mais diminuída. Estamos numa fase de transição”, reforça.
É por isso que o jovem considera que “alguns dos desafios que são colocados ao Padre são sobretudo na área do acolhimento; de acolher aqueles que chegam até nós, daqueles que se aproximam de nós em busca do encontro com Jesus Cristo, do encontro com o Evangelho que é um Evangelho libertador, um Evangelho que abre horizontes de vida”.
Dos seis novos sacerdotes, Tiago Dias, Alexandre Moreira, José Amorim, Hugo Cunha são do Seminário Maior do Porto. Gerardo Comayagua e Massimilliano Arrigo são do Seminário Redemptoris Mater.
As ordenações estão marcadas para as 16h00 de domingo, na Catedral do Porto, numa celebração presidida por D. Manuel Linda.