21 jul, 2022 - 16:52 • Henrique Cunha
A Santa Sé publicou, esta quinta-feira, a mensagem do Papa Francisco por ocasião do próximo Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, que será celebrado a 1 de setembro.
No texto, Francisco pede para se escutar “o grito amargo da criação” e para se rezar e cuidar da “casa comum”, lembrando o tema deste dia: "Escuta a voz da criação".
O Papa sublinha que este "é um momento especial para todos os cristãos, a fim de orarmos e cuidarmos, juntos, da nossa casa comum". Francisco destaca também a necessidade de uma “conversão ecológica” como resposta à “catástrofe ecológica”, já anunciada por S. João Paulo II e S. Paulo VI.
Na mensagem, o Papa diz também que a próxima cimeira do clima, que se vai realizar no Egipto em novembro, é "a próxima oportunidade para promover, todos juntos, uma eficaz implementação do Acordo de Paris".
O Santo Padre refere também que "alcançar o objetivo de Paris de limitar o aumento da temperatura a 1,5 graus celsius é bastante árduo e requer uma colaboração responsável entre todas as nações para apresentar planos climáticos, ou contribuições determinadas a nível nacional, mais ambiciosos, para reduzir a zero, com a maior urgência possível, as emissões globais dos gases com efeito de estufa”.
No texto dedicado ao Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, Francisco defende também a transformação de modelos de consumo e produção, bem como dos estilos de vida, “numa direção mais respeitadora da criação e do progresso humano integral de todos os povos presentes e futuros”, pode ler-se.
Ouvido pela Renascença, o professor universitário Filipe Duarte Santos considera que “o Papa tem tido uma intervenção muito certeira", e "baseada no conhecimento científico", ao alertar para os efeitos das alterações climáticas.
O também especialista em alterações climáticas sublinha o apelo do Papa Francisco a uma ação "urgente" da comunidade internacional para travar os efeitos das alterações climáticas e evitar uma "catástrofe ecológica".
Filipe Duarte Santos considera "muito importante" a intervenção do Papa, que se segue a outras muito relevantes como a da mensagem da "Encíclica Laudato Si, em que já chamou a atenção para o perigo que existe se as alterações climáticas não forem sentidas: "E este é mais um apelo nesse sentido", acentua o docente universitário.
Para o investigador, "este alerta do Papa é muito importante” e “será certamente ouvido".
"Eu admiro muito o Papa Francisco e a forma como ele tem dado importância a estas questões do desenvolvimento sustentável e em particular do combate às alterações climáticas", reforça.
Filipe Duarte Santos lembra ainda que "existe informação disponível e este é mais um alerta sobre as consequências de nós continuarmos a não dar prioridade a este problema da transição energética".
"Estamos avisados, sabe-se o que há a fazer, pois as consequências estão à vista, e agora em particular na Europa com ondas de calor, em muitos países."
"E em outros as ondas de calor combinadas com a seca deram, origem a condições, que levam à ocorrência - quando há ignições - de fogos florestais em que ardeu já uma área muito considerável como é o caso de Portugal e de Espanha", reforça.
A jornada de oração inaugura o ‘Tempo da Criação’, iniciativa ecuménica que termina a 4 de outubro, com a Festa de S. Francisco de Assis.
A mensagem repete o alerta contra a “catástrofe ecológica” feito por S. Paulo VI, em 1970, sublinhando o “grito amargo” da natureza e dos pobres.