22 jul, 2022 - 06:30 • Ângela Roque , Maria Costa Lopes (vídeo)
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D. Manuel Clemente, que celebra 75 anos de vida em julho de 2023, afirma que “Lisboa vai precisar de um bispo a condizer com a juventude". "Eu começo a ser de outro tempo”, afirma o cardeal patriarca.
Em entrevista à Renascença, a um ano da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de Lisboa, encara com naturalidade a renúncia por limite de idade, aos 75 anos (a decisão final é do Papa), mas só pensa em cumprir a "vontade de Deus".
2023 vai ser um ano especial para D. Manuel Clemente, também em termos pessoais. Quando a Jornada Mundial da Juventude decorrer já terá 75 anos, a idade limite para resignar. Tenciona fazê-lo no tempo certo?
Eu acho que quando chegarmos a essa altura - e espero lá chegar vivo -, Lisboa, concretamente, vai precisar de um bispo a condizer com essa juventude toda. Eu nasci na primeira metade do século passado e, por mais que se queira, a mentalidade, a maneira de viver e de conviver, de agir e de interagir, toda esta parafernália moderna de comunicação, já não é o que está na minha cabeça.
Adaptamo-nos, temos apoios, mas eu começo a ser de outro tempo. Portanto, é natural que para corresponder a tanta juventude tenham um Patriarca mais jovem.
Na Jornada Mundial da Juventude ainda estará como Patriarca?
Sim, estou a dizer quando eu chegar à Jornada. Depois o futuro a Deus pertence e é preciso que eu lá chegue.
É habitual os patriarcas prolongarem mais um ano ou dois...
Uns sim, outros não. O meu antecessor ainda cá esteve mais uns dois anos depois dos 75, mas o meu ante antecessor, que estaria com ideia de sair aos 70, acabou por falecer aos 69. O futuro a Deus pertence.
Qual é a sua vontade?
A minha vontade é realmente cumprir a vontade de Deus, que é para ir certinho.
E já pensa no que é que vai fazer a seguir?
Não, não...
Na Igreja não se fala em reforma, pois não?
Se lá chegar, logo se vê.
A História, por exemplo, vai continuar a ter um papel importante na sua vida?
É difícil deixar. Tem um papel muito, muito estrutural. Desde pequeno foi sempre algo que me marcou ser assim um trabalhador da memória, um contador de histórias, e isso certamente continuarei a ser.
E a rádio? Tenciona voltar à rádio?
Logo se vê. Também tem a ver com os convites e com as possibilidades de os aceitar.
Ouça (na íntegra) a entrevista a D. Manuel Clemente