01 ago, 2022 - 11:35 • Olímpia Mairos
A Conferência Episcopal do Haiti denuncia a presença descontrolada e sistemática de gangues armados, que se somam à “corrupção, pobreza extrema, precariedade generalizada, sequestros, desconfiança interpessoal”.
“A deterioração geral da situação no país preocupa-nos cada vez mais como pastores deste povo que tanto sofre”, escrevem os bispos em mensagem citada pela agência SIR.
De acordo com os bispos, “o centro de Porto Príncipe tornou-se, nos últimos dias, palco de violentos confrontos entre bandos armados ilegais, causando muitas vítimas entre a população civil sitiada e em situação de grande angústia. A própria polícia parece impotente”.
“Também a Catedral de Nossa Senhora da Assunção, na semana passada, foi atingida por incêndio criminoso. Felizmente, os bombeiros conseguiram circunscrever”, sinaliza a conferência episcopal, afirmando-se “espantada e indignada com a impotência das autoridades estatais, que deixam o campo livre para que gangues fortemente armados realizem com impunidade todos os seus atos premeditados”.
“Eles sequestram, sequestram, destroem, matam, queimam e depois desafiam os poderes estabelecidos, que parecem totalmente sobrecarregados com o que está acontecendo”, denunciam.
Os bispos dizem não compreender “por que o Estado não age para reprimir com o rigor necessário dentro do Estado de Direito, colocando os bandidos em posição de não fazer mal” e questionam se “é impossível neutralizar as fontes que fornecem armas e munições a grupos e indivíduos, ou pessoas intocáveis se beneficiam delas?”.
Na mensagem, os prelados haitianos pedem que “juntemos a nossa voz à de todos aqueles que sofrem com esta situação e que aspiram à segurança e à paz, para exigir a intervenção imediata das autoridades estatais responsáveis pelo bem-estar dos cidadãos”.
“É urgente trabalhar o mais rápido possível para desarmar as quadrilhas”, sublinham.
Os bispos apelam a “empresários, políticos, representantes de instituições e da sociedade civil, para que trabalhem em sinergia para combater o flagelo da insegurança em todas as suas formas”.
“Desta forma contribuiremos para a mudança desejada por todos. Não podemos continuar a viver como potenciais vítimas do banditismo que reina no país, nem podemos aceitar. Chegou a hora de dizer com todas as nossas forças: não à insegurança! Não aos sequestros! Não à legalização, por cumplicidade, da atividade dos bandos armados! Não a qualquer projeto de aniquilação do Estado!”, concluem.