04 ago, 2022 - 08:55 • Olímpia Mairos
Cinco meses após a invasão da Ucrânia pelas tropas russas, a Ajuda à Igreja que Sofre (Fundação AIS) anuncia que o apoio enviado ao país, em ajuda de emergência e outras iniciativas para ajudar a Igreja Católica de ambos os ritos no seu “gigantesco esforço para permanecer com o seu povo”, já ultrapassa os cinco milhões de euros.
Segundo a fundação pontifícia, após os primeiros cabazes de ajuda imediata, seguiram mais 2,5 milhões de euros nos últimos três meses, de maio a julho, sendo que em julho foram aprovados 34 novos projetos, estimando-se, assim, que o apoio prestado se situe nos cinco milhões de euros.
O presidente executivo da AIS Internacional, Thomas Heine-Geldern, alerta, no entanto, que “as piores consequências da guerra não se farão sentir a curto prazo: os efeitos psicológicos, físicos e humanitários só se sentirão mais tarde”.
“Só Deus pode curar as feridas mais profundas, mas podemos tentar atenuar as necessidades mais imediatas e apoiar a Igreja local para que esta possa permanecer no terreno”, realça.
Segundo Heine-Geldern, “graças à ajuda dos benfeitores da Fundação AIS, sacerdotes e religiosas podem compensar a escassez de alimentos e de produtos de primeira necessidade de higiene e medicamentos sentida por muitos dos deslocados internos. Além disso, podem dar apoio psicológico e espiritual a todos aqueles que estão traumatizados por terem perdido as suas casas ou entes queridos”.
“Estamos em contacto diário com todo o país”, acrescenta Magda Kaczmarek, que tem orientado os projetos da Fundação AIS na Ucrânia nos últimos 14 anos, esclarecendo que desta forma, é possível “identificar os projetos que a Igreja local considera prioritários e ser flexíveis na nossa ajuda mensal."
A responsável visitou o país, em abril, e nota que “há uma dor tremenda”.
“Foi uma experiência muito emotiva. Encontrámo-nos com refugiados que só conseguiam chorar. Era importante apenas abraçá-los. Mas também houve refugiados que estavam em choque. Lembro-me de um jovem, com cerca de 30 anos, que desde o início da guerra nunca mais falou”, descreve.
“A Igreja é a âncora que mantém o barco estável através da mudança das marés”, diz Kaczmarek, adiantando que “a principal preocupação e medo que todos sentem tem a ver com a chegada do Inverno, mas agora também estão preocupados que no final de agosto a escassez de alimentos e de combustível se torne ainda mais grave”.
“Durante estes cinco meses, pudemos dar muita ajuda e vamos continuar a fazê-lo. Precisamos de dar esperança ao nosso povo”, conclui a responsável pelos projetos AIS na Ucrânia.