11 ago, 2022 - 13:55 • Teresa Paula Costa
Por estes dias, em Fátima, os parques de estacionamento enchem-se de viaturas de matrícula estrangeira. São milhares de emigrantes que aproveitam o período de férias para passar pela Cova da Iria, mesmo que não assistam às cerimónias da peregrinação de agosto. Este ano, vêm com a bolsa menos recheada, devido à crise mundial, mas não vão de mãos vazias.
Há cinco anos que Sílvia Esteves não vinha a Portugal. Em Genebra faz a sua vida com a família, oriunda do Sabugal, mas, neste ano, decidiu vir e trazer os pais, com uma preocupação em mente.
Para a jovem, “este ano é muito especial porque a minha mãe tem cancro e ela queria vir a Fátima”. A Dona Maria ficara na capelinha das aparições a rezar, mas nesta viagem a Fátima fez questão de que “a família viesse toda junta neste dia especial para ela”.
Mesmo assim, Maria não esqueceu os seus. A outra filha, Brigitte Esteves, revelou à Renascença que, a mãe “trouxe a fotografia da sua netinha que ficou no seu país, Suíça, e colocou-a junto ao seu coração, na missa de hoje”, para que Nossa Senhora não se esquecesse dela.
Quando estão na Suíça, apertam as saudades. “Sentimos saudades de Nossa Senhora”, diz Brigitte.
Uma das formas de atenuar a saudade são os souvenirs que, todos os anos, levam para casa.
Este ano, a bolsa já não está tão cheia, pois o aumento dos preços está a gerar alguma contenção. Mesmo assim, há sempre lugar para uma lembrança. Até porque há que agradecer por tudo o que a vida tem trazido.
A pequena Íris das Neves, de apenas 6 anos, afirmou à Renascença que veio a Fátima “agradecer a Jesus a nossa família”, pois “é importante ter a família toda junta”. A família é constituída pelo irmão e pelos pais.
Clarinda Neves, a mãe, quis este ano levar consigo uma imagem de Nossa Senhora. “Comprei-a agora para levar para o Luxemburgo, onde vivo há dois anos””, disse a jovem, que admitiu que a imagem “é mais um conforto que temos”.
As pequenas lembranças são as preferidas dos emigrantes portugueses que passam por Fátima.
“Antes da pandemia as pessoas vinham e compravam à vontade para a família inteira, agora levam uma medalhita, uma imagem mais pequena, um brinquedo para a criança, mas ficam-se por aí”, disse à Renascença João Reis, um dos lojistas da praça de artigos religiosos.
O jovem nota que “as pessoas têm alguma dificuldade financeira”.
“As pessoas vêm passear e trazem dinheiro para a sopa, para a sandes e para o café e para gastar dinheiro nas lembranças e souvenirs é mais complicado.”
“Vê-se muitos turistas e emigrantes no mês de agosto e eles vão comprando, mas não é como antigamente”, adianta. Já “os turistas estrangeiros, esses compram, nem perguntam o preço. “
Como, desta vez, o fim de semana é prolongado, a expectativa para os próximos dias é maior, admite o vendedor.
Também Maria Emília Vieira, outra vendedora, está satisfeita com o movimento que se vê agora em Fátima, embora reconheça que já não se vende como antigamente.A lojista confirma que “eles compram muito pouquinho e coisinhas pequeninas”.
“Não se queixam, mas só querem coisas pequeninas”, lamenta a lojista.