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Abusos na Igreja. Ação da Comissão Independente não é "caça às bruxas"

29 ago, 2022 - 18:55 • Lusa

Presidente da Conferência Episcopal reitera o perdido de perdão às vítimas e considera que "não pode haver tolerância nem encobrimento de casos destes" nem julgamentos na praça pública.

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O trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos no seio da Igreja não é uma "caça às bruxas", nem uma "campanha contra ninguém", afirma o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que apela a que não haja julgamentos na praça pública.

Ao intervir na sessão de abertura do 10.º Simpósio do Clero, que começou esta segunda-feira em Fátima, D. José Ornelas defendeu que "a verdade é libertadora para todos. O segredo não deve servir para guardar e sigilar coisas nefandas".

Assumindo que o reconhecimento da existência de casos abuso sexual de menores e de pessoas vulneráveis por membros do clero "é doloroso" e enche a Igreja "de vergonha e pesar", o também bispo de Leiria-Fátima, disse que "tentar esconder esta realidade, para além de contrariar os princípios elementares da justiça para com as vítimas e impedir o seu necessário tratamento, não ajuda ao esforço de erradicação destes males".

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D. José Ornelas faz "pedido sincero de desculpas" às vítimas de abusos

D. José Ornelas sublinhou ainda que a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa, coordenada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, foi criada no sentido da obtenção de "clareza e purificação".

"Não se trata de nenhuma "caça às bruxas" nem de uma campanha contra ninguém, mas de um caminho necessário de identificação de males que existiram e continuam presentes, para que possamos assumi-los na sua realidade dolorosa, como processo de conversão e de libertação para todos", disse o presidente da CEP, para quem, "dar atenção às vítimas e escutá-las é o primeiro passo de um processo de libertação, de justiça e de dignidade".

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D. José Ornelas garante que o trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos não é uma "caça às bruxas"

Segundo D. José Ornelas, cada um dos abusos, "pelo mal que causa às pessoas e à comunidade (...) é também um sofrimento e uma derrota para toda a Igreja".

"Por isso, não pode haver tolerância nem encobrimento de casos destes. Impõe-se um caminho claro no interior da Igreja e uma colaboração com as autoridades competentes para averiguar quaisquer ocorrências, segundo os processos legais do país, com as medidas legais e penais previstas na Igreja e no ordenamento jurídico civil", afirmou, perante uma assembleia composta por muitos bispos e centenas de padres, diáconos e seminaristas.

O presidente da CEP, já em declarações aos jornalistas, refutou a ideia de uma "Igreja pedófila" e, confrontado com alguns críticas à alegada inexistência de apoio do episcopado ao cardeal patriarca D. Manuel Clemente, a propósito do possível encobrimento de casos na zona de Lisboa, D. José Ornelas assegurou que esse apoio e solidariedade foram dados, quer "coletivamente, quer de forma individual".

Por seu turno, o presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios, D. António Augusto Azevedo, alertou que a "conduta lamentável e criminosa de alguns clérigos não legitima que se instale um manto de suspeição sobre todos".

"A esmagadora maioria dos padres merece crédito e reconhecimento pelo seu trabalho ao serviço do povo de Deus", disse o também bispo de Vila Real, para quem, perante um "estado de espírito que é de tristeza, dor e vergonha", se impõe "mudar a atitude: de uma cultura que negou ou desvalorizou o problema para uma atitude nova, preocupada em conhecer a sua real dimensão, perceber as suas causas e avaliar assoas consequências pessoais e comunitárias".

Segundo o prelado, "nesta crise não estão em causa os valores e princípios da Igreja, porque estes assentam no Evangelho. Em causa está a infidelidade a esses princípios".

Com vista a contribuir para a prevenção de futuros casos, a Comissão Episcopal de Vocações e Ministérios entregou já à CEP um projeto de novas orientações para a formação sacerdotal, que será apreciado em Assembleia Plenária do Episcopado. Estas novas orientações visam, nomeadamente, reforçar "os critérios de admissão" nos seminários e a "preparar melhor os futuros padres em todas as dimensões".

O 10.º Simpósio do Clero devia contar na sessão de abertura com a presença do prefeito do Dicastério para o Clero, o sul-coreano Lazzaro You Heung-sik, que não esteve em Fátima devido à reunião de cardeais com o Papa Francisco que decorre no Vaticano até terça-feira.

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"Não pode haver encobrimento" de casos de abusos, diz D. José Ornelas

Na mensagem que enviou para o Simpósio, o cardeal revelou acreditar que a sinodalidade é "semente para a construção de uma Igreja de acolhimento, casa e escola de comunhão".

O encontro de Fátima discute a "Identidade Relacional e Ministério Sinodal do Presbítero", sendo organizado pela Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios (CEVM).

"O sacerdócio no pós-concílio: luzes e sombras", "Para uma vivência saudável do ministério sacerdotal", "A vida do padre vista pelas famílias e pelos jovens" ou "A relação do ministério sacerdotal com outros estados de vida" serão alguns dos temas em discussão nos quatro dias de trabalhos marcados para o Centro Pastoral Paulo VI.

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  • Ivo Pestana
    30 ago, 2022 Funchal 16:03
    A nossa Igreja está distante, do povo. Esquece Jesus, seu ensino e modo de ação. Está muito ocupada, como Marta na Biblia, parece uma empresa e o seu povo precisa de guias espirituais e onde estão? Quo Vadis Igreja?

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