11 set, 2022 - 09:10 • Ana Catarina André
A Brotéria faz agora 120 anos, mais de um século de vida em que se foi reinventando. Quando foi criada, em setembro de 1902, era uma revista de ciências naturais.
“Aquilo que nasceu como uma revista, e durante muito tempo serviu o País e a Igreja como [tal], precisava de se adaptar e ajustar para continuar a cumprir a sua missão”, diz o diretor-geral, o padre jesuíta Francisco Mota, explicando que, em 2020, a Brotéria se transformou num projeto cultural mais amplo, com sede no Bairro Alto, em Lisboa.
Agora, para comemorar os 120 anos de existência, a Brotéria preparou uma programação cultural para os dias 15, 16 e 17 de setembro.
Além de uma oficina com a escritora Djaimilia Pereira de Almeida, está prevista uma conversa com a artista plástica Fernanda Fragateiro, moderada pela jornalista Paula Moura Pinheiro.
Ensaio Geral
No Ensaio Geral desta semana visitamos uma nova ca(...)
“Estes três dias têm nove eventos abertos ao público, que se juntam ao número especial da revista e à programação que teremos durante os meses de outubro, novembro e dezembro”, afirma o jesuíta.
“Não se trata de olhar para a história e ver o que a Brotéria fez, mas procurar perceber o que quer continuar a fazer. Quais são as necessidades que o mundo tem em relação a um projeto destes que é da Igreja.”
Os primeiros anos ficaram marcados pela divulgação de temas como as ciências, a cultura ou a genética. “Houve sempre uma preocupação grande em tornar acessível aquilo que era a investigação e o trabalho das pessoas que escreviam”, considera o padre Francisco Mota, referindo que “a dimensão do encontro” esteve sempre presente no projeto.
Jesuítas abrem centro cultural “Brotéria” em pleno(...)
Atualmente, a Brotéria “procura oferecer uma relação com o mundo que parte da prática de três virtudes cristãs fundamentais”, explica o jesuíta, referindo, em primeiro lugar, a hospitalidade. “Recebemos por ano entre 40 e 50 mil pessoas. Acreditamos realmente que a maneira de receber os outros transmite a nossa identidade mais profunda.”
A Brotéria – acrescenta Francisco Mota – pauta-se, também, pela “busca da verdade”, “aquilo que na doutrina social da Igreja fala da dimensão de anúncio e de denúncia”, e pela “busca permanente da beleza”.
“Há sentido para encontrar na busca partilhada da beleza e de todas as aspirações que nascem daí. Temos o privilégio de ter sido extraordinariamente bem recebidos pela comunidade artística”, sublinha. E acrescenta: “O que acontece no campo das artes pode revelar as aspirações profundas da nossa vida e do nosso tempo.”