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Papa no Cazaquistão. “Não nos habituemos à guerra”

14 set, 2022 - 13:12 • Ângela Roque , Aura Miguel (no Cazaquistão)

Francisco celebrou missa na praça Expo de Nursultan, onde lembrou que a paz é um caminho em construção e nunca pode ser dada por garantida.É preciso diálogo e que ninguém se resigne à “inevitabilidade” da guerra.

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“Penso em tantos lugares martirizados pela guerra, sobretudo na querida Ucrânia. Não nos habituemos à guerra, não nos resignemos à sua inevitabilidade”, apelou esta quarta-feira o Papa. No final da missa que celebrou em Nursultan, no Cazaquistão, Francisco renovou desta forma o apelo à paz, que só o diálogo pode garantir.

“Que terá ainda de acontecer? Quantos mortos teremos ainda de contar?”, perguntou o Papa, sublinhando que “a única saída é a paz, e a única estrada para se chegar lá é o diálogo".

Nesta mensagem no final da missa - em que agradeceu às autoridades civis e religiosas a organização desta visita ao Cazaquistão –, Francisco manifestou-se ainda preocupado com a tensão atual entre a Roménia e o Azerbeijão.

“Soube com preocupação que neste momento há um novo foco de conflito na região do Cáucaso. Continuaremos a rezar para que neste território se alcance a paz e a concórdia”, disse o Papa, para quem o mundo tem de "aprender a construir a paz", limitando a corrida ao armamento e "convertendo os enormes gastos de guerra em apoio concreto às populações”.

Pouco antes, na homília desta celebração – no dia em que a Igreja assinala a Festa da Exaltação da Santa Cruz -, o Papa lembrou o passado de sofrimento do povo do Cazaquistão, para sublinhar que a paz nunca pode ser dada por garantida.

“Faz-nos bem guardar a recordação daquilo que sofremos: é preciso não cancelar da memória certas obscuridades, caso contrário pode-se pensar que sejam águas passadas e que o caminho do bem esteja delineado para sempre. Não! A paz nunca é conquistada de uma vez por todas. Há de ser conquistada cada dia, como também a convivência entre etnias e tradições religiosas diversas, o desenvolvimento integral, a justiça social”, afirmou.

Para o Santo Padre, “olhar para Jesus crucificado” ajuda a ver “de uma maneira nova a nossa vida e a história dos nossos povos”, porque “a partir da Cruz de Cristo, aprendemos o amor, não o ódio; aprendemos a compaixão, não a indiferença; aprendemos o perdão, não a vingança”.

“Os braços abertos de Jesus são o abraço de ternura com que Deus nos quer acolher, e mostram-nos a fraternidade que somos chamados a viver entre nós e com todos. Indicam-nos o caminho cristão”, que é “o caminho da salvação” e “do amor humilde, gratuito e universal, sem ‘se’ nem ‘mas’ “, o caminho da concórdia.

“Ser cristão significa viver sem venenos: não nos mordermos entre nós, não murmurar, não acusar, não criticar os outros, não disseminar as obras do mal, não poluir o mundo com o pecado e a desconfiança”, sublinhou ainda.

Durante a manhã, na abertura do Congresso que reúne líderes religiosos do mundo inteiro, Francisco pediu que não se deixem instrumentalizar por quem faz a guerra, e defendeu que a religião e a fé são importantes para “responder à sede de paz que há no mundo”, mas sem fundamentalismos e em liberdade.

Francisco apelou, ainda, ao empenho de todos na resposta aos desafios pós-pandemia, que passam pelo combate à pobreza e às alterações climáticas.

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