15 set, 2022 - 06:35 • André Rodrigues com Aura Miguel, enviada especial ao Cazaquistão
O Papa Francisco pede aos bispos e sacerdotes que deem “espaço aos leigos”, lembrando que “somos todos discípulos do Senhor, todos essenciais, todos com igual dignidade”.
“Não só os bispos, os sacerdotes e os consagrados, mas todos os batizados foram imersos na vida de Cristo e n’Ele”, sublinhou Francisco no encontro desta manhã, na Catedral Mãe de Deus do Perpétuo Socorro, em Nursultan.
“Deve dar-se espaço aos leigos: far-vos-á bem, para que as comunidades não se tornem rígidas, nem se clericalizem”, acrescentou.
Para o Papa, esse é o caminho para uma Igreja voltada para o futuro, “participativa e corresponsável (…) capaz de sair ao encontro do mundo, porque treinada em comunhão”.
Francisco considera, aliás, que, através do contacto com o Evangelho, “aprendemos a passar do egoísmo ao amor incondicional (…) que nos impede a tornar-nos homens e mulheres de comunhão e de paz, que semeiam o bem onde quer que se encontrem”.
Por outro lado, o Papa insistiu, também, na ideia de que os bispos não devem comportar-se como “administradores do sagrado ou polícias preocupados em fazer respeitar as normas religiosas, mas pastores próximos do povo, ícones vivos do coração compassivo de Cristo”.
Francisco celebrou missa na praça Expo de Nursulta(...)
Enaltecendo a transmissão da fé entre gerações, o Papa Francisco rejeitou a ideia de uma fé vivida como “uma bela exposição de coisas do passado”, sublinhando o “evento sempre atual” do encontro com Cristo “que acontece aqui e agora na vida”, garantindo que só assim “a fé permanece viva e tem futuro”.
Num país onde cristãos ortodoxos e muçulmanos superam largamente a comunidade de crentes católicos, Francisco chamou a atenção para “a tarefa peculiar da Igreja neste país: não um grupo que se arrasta nas coisas de sempre ou se fecha na concha porque se sente pequeno, mas uma comunidade aberta ao futuro de Deus”.
E regressou à ideia de que a sociedade só progride se se basear na relação e na interdependência entre pessoas de culturas diferentes que não partilham valores identitários, como o culto religioso, à imagem do que acontece no Cazaquistão.
“Precisamos de Deus, mas também (…) das irmãs e dos irmãos de outras confissões, de quem professa um credo religioso diferente do nosso (…) Só juntos, no diálogo e no acolhimento recíproco, de pode verdadeiramente realizar algo de bom para todos (...) A beleza da Igreja está nisto: em sermos uma única família, na qual ninguém é estrangeiro", rematou o Papa.