29 set, 2022 - 14:35 • Olímpia Mairos
A onda das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ) atravessou toda a Diocese de Vila Real. Chegou a aldeias, vilas e cidades. Foi ao encontro das periferias para levar esperança e alegria, através dos símbolos da JMJ: a cruz e o ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani.
Foram milhares de quilómetros percorridos, por entre vales e montes, num “abraço de Deus a cada pessoa”.
“É um abraço. É um abraço que o Papa nos manda, que não é dele, é do próprio Deus. É o que tenho tentado transmitir aos jovens que vão levando a cruz. Nós estamos a levar Deus ao coração das pessoas”, conta o padre João Curralejo.
O coordenador do Comité Organizador Diocesano (COD) de Vila Real para a JMJ 2023 realça que “é algo de invisível. É algo muito maior do que nós”, acreditando que “para um jovem que está numa idade de grandes ideais e de grandes motivações, sentir que fez algo extraordinário, mesmo que em gestos simples, em pequenas palavras, em pequenos sorrisos”, vai deixar marcas profundas.
Os símbolos da Jornada Mundial da Juventude percorreram milhares de quilómetros, entraram em instituições, igrejas, mercados e feiras, visitaram prisões, foram ao encontro dos mais velhos e da deficiência, passearam-se pelas ruas e ninguém ficou indiferente à sua presença e passagem.
“Por todo o lado onde tem passado esta peregrinação, onde têm passado os símbolos, vemos as pessoas a ficar contagiadas e eu posso dizer, neste momento, que vamos de pequenos milagres em pequenos milagres, com momentos muito intensos em todo o lado, com as pessoas, sobretudo os jovens, também a levantar-se, a acolher, a vir junto da cruz”, relata o sacerdote.
O acolhimento “incrível” – como descreve o padre João Curralejo – refletiu-se na envolvência dos mais novos e dos mais velhos que se mobilizaram e acompanharam em festa a passagem dos símbolos.
“Esta onda está a invadir todo o lado. Fala-se da JMJ em todo o lado, até nos cafés, nas ruas. A cruz chegou a todo o lado”, sublinha.
Os momentos mais marcantes e emotivos têm acontecido nas chamadas periferias.
“Têm sido exatamente nesses lugares, nas prisões, em lares de idosos, estes lugares onde as pessoas não saem, não têm capacidade nem possibilidade de vir à rua, de estar em comunhão até com as comunidades. Estes pequeninos lugares são os momentos mais intensos desta peregrinação e os que mais têm tocado os jovens”, conta.
E, se para os jovens o primeiro momento foi de impacto, surpresa e espanto, até pelas dimensões e peso dos símbolos, especialmente da cruz, depois foi de envolvência e de compromisso em querer chegar e estar com todos.
“Não estavam a contar que a cruz fosse não pesada, ficam espantados diante da cruz, mas, depois, carregam a cruz, agarram-se a ela e não a querem largar, querem levá-la a todos, para que todos possam experimentar o que eles estão a viver”, conta, realçando que se nota “uma transformação completa”.
Segundo o sacerdote que tem acompanhado a peregrinação dos símbolos pela diocese, “tem-se notado uma transformação total”. Os jovens, “da timidez inicial passaram à envolvência, cantam, dançam, fazem festa. Tem sido surpreendente”.
O rastilho foi lançado e agora há que alimentar a chama da fé e continuar a caminhar com os jovens até à jornada de Lisboa.
“Este acontecimento da peregrinação também só faz sentido se for assim”, diz o padre Curralejo, assinalando que só haverá fruto, se este dinamismo tiver continuidade.
“Tenho falado isso também, particularmente com os padres. E destaco como muito positivo, em todo o lado onde estivemos, a presença dos padres que acompanharam, incentivaram e congregaram. E tenho-os desafiado a aproveitarem a mobilização destes jovens e adultos, das famílias para continuarem o trabalho ao longo do ano”, conta.
“Ficar por aqui não chega. Isto é um rastilho, mesmo o início e o pontapé de saída para o grande acontecimento de Lisboa, em 2023”, adverte o sacerdote.
“O importante é trabalharmos outros momentos ao longo do ano, para que todos se possam envolver e um grande número de jovens possa participar e fazer esta experiência da JMJ, que será uma oportunidade única, aqui mesmo no nosso país, à nossa beira; não teremos outra tão, tão próxima”, observa.
Segundo o sacerdote, “os jovens estão contagiados para participar na jornada e, portanto, agora, durante um ano, o nosso trabalho, a nossa missão e a missão destes jovens em concreto, é contagiar outros e envolver outros para que haja uma grande participação”.
Os símbolos entraram na Diocese de Vila Real pela cidade de Chaves, onde foi a grande receção e ao longo deste mês percorreram e foram acolhidos nas mais diversas paróquias e localidades deste território, sempre em festa, grande parte das vezes ao som da música de bombos, bandas musicais e, claro, do Hino JMJ.
A cruz e ícone mariano seguem agora, descendo o rio Douro, desde o Peso da Régua, numa viagem de quase oito horas e meias, em Barco Rabelo, para a Diocese do Porto. A chega ao cais da Ribeira está prevista para as 18h15 de sábado
“É grande a expectativa entre os jovens que se estão a mobilizar nas suas paróquias e também nas redes sociais publicando e partilhando vídeos motivacionais para a vivência da JMJ e para a peregrinação dos símbolos na diocese. Os jovens querem receber os símbolos em festa”, pode ler-se na página da internet do Secretariado Diocesano da Juventude do Porto.
No final de tarde de sábado, dia 1 de outubro, a cruz e o ícone mariano sobem da Ribeira até à Sé do Porto, naquela que será a primeira etapa da peregrinação dos símbolos JMJ no Porto, coincidindo com o “Ora Arranca”, uma atividade de início de ano dos jovens da diocese. Pelas 21h30 realiza-se uma vigília de oração no Terreiro da Sé do Porto.
Na diocese já começaram os preparativos para assin(...)
Tradicionalmente, nos meses que antecedem cada JMJ, os símbolos partem em peregrinação para serem anunciadores do Evangelho e acompanharem os jovens, de forma especial, nas realidades em que vivem.
Com 3,8 metros de altura, a cruz peregrina, construída a propósito do Ano Santo, em 1983, foi confiada por João Paulo II aos jovens, no Domingo de Ramos do ano seguinte, para que fosse levada por todo o mundo. Desde aí, a cruz peregrina, feita em madeira, iniciou uma peregrinação que já a levou a quase 90 países.
Segundo uma nota sobre a JMJLisboa2023, já “foi transportada a pé, de barco e até por meios pouco comuns como trenós, gruas ou tratores. Passou pela selva, visitou igrejas, centros de detenção juvenis, prisões, escolas, universidades, hospitais, monumentos e centros comerciais. No percurso enfrentou muitos obstáculos: desde greves aéreas a dificuldades de transporte, como a impossibilidade de viajar por não caber em nenhum dos aviões disponíveis”.
Em 1985 esteve em Praga, na atual República Checa, na altura em que a Europa estava dividida pela cortina de ferro, e foi aí sinal de comunhão com o Papa.
“Pouco depois do 11 de setembro de 2001, viajou até ao Ground Zero, em Nova Iorque, onde ocorreram os ataques terroristas que vitimaram quase 3.000 pessoas. Passou também pelo Ruanda, em 2006, depois de o país ter sido assolado pela guerra civil”, acrescenta a nota.
Já o ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani, que retrata a Virgem Maria com o Menino nos braços, com 1,20 metros de altura e 80 centímetros de largura, está associado a uma das mais populares devoções marianas em Itália.
“É antiga a tradição de o levar em procissão pelas ruas de Roma, para afastar perigos e desgraças ou pôr fim a pestes. O ícone original encontra-se na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, e é visitado pelo Papa Francisco que ali reza e deixa um ramo de flores, antes e depois de cada viagem apostólica”, acrescenta o documento.
Lisboa foi a cidade escolhida pelo Papa Francisco para a próxima edição da Jornada Mundial da Juventude, que vai decorrer entre os dias 1 e 6 de agosto de 2023, com as principais cerimónias a terem lugar no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.
As JMJ nasceram por iniciativa do papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.
A primeira edição aconteceu em 1986, em Roma, tendo já passado por Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colónia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e Panamá (2019).