02 out, 2022 - 12:25 • Aura Miguel
O receio de uma escalada nuclear devido ao agravamento do que se
passa na Ucrânia levou o Papa Francisco a dedicar toda a reflexão do Angelus
deste domingo, ao tema da guerra, com um forte apelo a Putin e a Zelensky.
“A grave situação criada nos últimos dias, com ulteriores acções contrárias aos princípios do direito internacional, aumentam o risco de uma escalada nuclear, ao ponto de fazer temer consequências inconsoláveis e catastróficas a nível mundial”, disse o Papa.
“O meu apelo dirige-se, antes de mais, ao presidente da Federação Russa, suplicando-lhe que pare, também por amor ao seu povo, esta espiral de violência e de morte. Por outro lado, com dor pelo enorme sofrimento da população ucraniana devido à agressão sofrida, dirijo igualmente um confiante apelo ao presidente da Ucrânia para estar a propostas sérias de paz.”
Francisco manifestou a sua “aflição pelos rios de sangue e de lágrimas derramados nestes meses” e a sua dor por milhares de vítimas, em particular crianças, bem como tantas destruições que deixaram imensas pessoas e famílias sem casa, agora ameaçadas pelo frio e pela fome.
“Estas acções nunca podem ser justificadas, nunca!”, desabafa o Papa, para quem é angustiante o mundo estar a conhecer a geografia da Ucrania “através de nomes come Bucha, Irpin, Mariupol, Izium, Zaporizhzhia e outras localidades, que se tornaram lugares de sofrimento e medo indescritíveis”.
O Santo Padre considera a ameaça atómica “um absurdo” e interroga-se sobre “o que mais deve ainda acontecer? Quanto mais sangue deve ainda correr para percebermos que a guerra nunca é uma solução, mas só destruição?”*
Nesta intervenção antes da oração do Angelus, na Praça de São Pedro, o Papa renovou o seu apelo ao cessar-fogo imediato e pediu que “se calem as armas e se procurem condições para avançar com a negociações que permitam soluções não impostas pela força, mas de comum acordo, justas e estáveis”.
Francisco apela ao respeito pelo valor da vida humana e pela soberania e integridade territorial de cada país, bem como pelos direitos das minorias e suas legítimas preocupações”, sem esquecer que “a grave situação criada nos últimos dias com ulteriores acções contrárias aos princípios do direito internacional”, agrava ainda mais esta escalada de violência.
A intervenção do Papa terminou com mais um apelo a todos os políticos e protagonistas a nível mundial para fazerem todo o possível para se pôr fim à guerra e promover iniciativas de diálogo, para que “as novas gerações possam respirar o ar ar saudável da paz e não o envenenado da guerra, que é uma loucura”.