02 out, 2022 - 10:00 • Henrique Cunha
O acordo de cooperação que dinamiza turismo religioso e promove a empregabilidade no Algarve é para alargar a todo o país, avança à Renascença o diretor nacional da Pastoral do Turismo, padre Miguel Neto.
No final do ano passado, a Diocese do Algarve assinou um acordo de cooperação com a Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR) para a dinamização do turismo religioso, que possibilita a abertura das igrejas no Sotavento e promove a empregabilidade de pessoas portadoras de deficiência e com dificuldades de integração no trabalho.
Agora, o padre Miguel Neto revela à Renascença que se “vai tentar fazer o mesmo noutras dioceses”. “A parte pioneira foi trabalhada aqui a partir de uma iniciativa da CCDR Algarve e agora podemos abordar com outras CCDRs e outras dioceses para tentar fazer o mesmo”, revela o responsável, que vai participar no VIII Congresso Mundial da Pastoral do Turismo, em Santiago de Compostela, Espanha.
Por outro lado, a Pastoral do Turismo pretende desafiar as dioceses a desenvolver ações para promover o seu património religioso, para “lembrar a quem visita o nosso país que há muito para descobrir, para além de Fátima que é muito divulgada internacionalmente”.
mensagem da CEP para o Dia Mundial do Turismo
Pastoral do Turismo sublinha esforço do setor para(...)
Miguel Neto considera “uma vantagem o facto de Fátima para o exterior ser a imagem daquilo que é o turismo religioso em Portugal”, mas alerta que “às vezes quando temos essa vantagem também seca tudo à volta, e as pessoas pensam em pastoral do turismo, em turismo religioso e em Fátima, mas não é bem assim porque a Pastoral do Turismo não é só o turismo religioso”.
“Há também toda uma dinâmica de acolhimento em que o nosso país está a fazer o seu caminho. Há um aumento gradual da celebração de vários sacramentos. E não nos podemos focar apenas em Fátima”, sublinha.
O sacerdote da Diocese do Algarve recorda que “é o Bom Jesus em Braga que é património mundial, e há muita gente que nas escolhas que faz do turismo faz por via disso”.
Para o responsável, “o turismo religioso é quando as pessoas vão fazer uma determinada experiência religiosa a um determinado santuário”, mas outros turistas “podem ter experiências religiosas, cristãs quando, apesar da praia, do sol ou da gastronomia, também se encontram com os nossos templos”.
O diretor nacional da Pastoral do Turismo será um dos intervenientes no VIII Congresso Mundial da Pastoral do Turismo, que vai decorrer em Santiago de Compostela, de 5 a 8 de outubro.
O objetivo deste acordo de cooperação passa por da(...)
O padre Miguel Neto adianta que “aquilo que se espera é reunir tropas, e tentar perceber o que se fez ao longo destes dez anos na Pastoral do Turismo e perceber quem são as novas caras e que desafios se pedem a este setor da pastoral daqui por diante”.
“É por isso que vamos ouvir pessoas de tanta diferença de trabalho. Desde o responsável pelas igrejas orientais, desde o patriarca de Jerusalém, desde o responsável pelo Dicastério da Promoção da Nova Evangelização. E tudo em comunhão com as organizações civis, em particular a da organização mundial do turismo, cuja sede é precisamente em Espanha”, assinala.
O Congresso Mundial da Pastoral do Turismo regressa, precisamente, dez anos depois do último evento, o que se explica com a reformulação do Dicastério onde estava inserida a Pastoral do Turismo.
“Nós – Pastoral do Turismo de Portugal e de Espanha – nos últimos trÊs anos temos mantido diálogo permanente com a Santa Sé para se voltar a ter um organismo neste Dicastério ou noutro que trate especificamente da Pastoral do Turismo, porque desde 2012 que deixou de haver um olhar específico da Santa Sé para esta realidade”, esclarece.
Noutro plano, o padre Miguel Neto entende ser fundamental a preocupação de evangelizar através do turismo. “Evangelizar quer no primeiro anúncio, quer alimentar aqueles que estão cá e no caso específico da Diocese do Algarve temos que ter essa permanente preocupação com aqueles que vêm a esta diocese para descansar e para as suas férias.”
“No caso de outras dioceses há também uma dimensão de descanso e de cultura que é preciso valorizar tendo sempre em vista a evangelização”, reforça.