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D. José Ornelas "envergonhado" com situações de abuso em ambiente de Igreja

03 out, 2022 - 21:22 • Redação

Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa reitera que não tem arrependimentos perante a sua ação, quando primeiro ouviu falar dos casos de abuso, em 2011.

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D. José Ornelas admite estar "envergonhado" por situações de abuso terem decorrido em ambientes de Igreja.

De acordo com o que o Ministério Público confirmou à Renascença, o bispo de Leiria-Fátima está a ser investigado por alegada “comparticipação em encobrimento” de casos de abusos sexuais.

De acordo com o diário, a denúncia refere-se a um caso de 2011 e envolve crianças acolhidas num orfanato dirigido pelo padre dehoniano Luciano Cominotti, na província moçambicana da Zambézia. Na altura, perante os relatos de um aluno sobre alegadas situações de abuso contra crianças, no Centro Polivalente Leão Dehon, o professor português João Oliveira contactou D. José Ornelas, então superior geral da congregação.

Em entrevista à TVI, esta segunda-feira, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) volta a reiterar que não tem arrependimentos perante a sua ação, quando primeiro ouviu falar do caso, em 2011.

"Não me arrependo. Foi comunicado para dentro. Eu procedi moralmente e legalmente perante a informação que tinha", disse no canal televisivo.

D. José Ornelas distancia-se da ação de Luciano Cominotti, referindo que o padre "não era da mesma congregação".

"Existe uma escola de artes e ofícios onde eu próprio passei, durante a independência de Moçambique. Esta escola é da propriedade da congregação. Este padre foi recebido na diocese e criou uma obra completamente distinta. Era um orfanato. Os orfão iam à nossa escola", explica.

A justiça moçambicana acusa de atentado ao pudor o padre denunciado como abusador de crianças ao bispo português José Ornelas, em 2011, disse hoje à Lusa fonte da Procuradoria-Geral da República (PGR) em Maputo.

Luciano Caminotti "foi acusado em autoria material e na forma consumada do crime de atentado ao pudor" e "no dia 23 de agosto foi aberta a audiência preliminar que se realizou no dia 02 de setembro", indica a PGR, em resposta a questões colocadas pela Lusa.

D. Ximenes Belo? "Pensava que o conhecia"

D. José Ornelas reagiu ainda "com grande tristeza" às acusações de abuso dirigidas a D. Carlos Ximenes Belo.

Questionado se assumia que “durante anos foram abafados casos” de abusos sexuais na igreja católica, o presidente da CEP foi claro: “Foram [abafados]. E isso não é bom”.

A questão estava relacionada com as suspeitas que envolveram recentemente o bispo timorense, Dom Ximenes Belo, das quais Ornelas garantiu ter tido conhecimento apenas “nestes dias” e “com uma grande tristeza”.

“Pensava que o conhecia. É uma tristeza muito grande. Penso nele, nas vítimas dele e penso naquilo que estas vítimas significam, que é precisamente o contrário daquilo que nós [igreja católica] devíamos ser”, comentou.

O jornal holandês “De Groene Amsterdammer” publicou na passada quarta-feira testemunhos de alegadas vítimas de abusos sexuais cometidos, quando eram menores, durante vários anos, pelo ex-administrador apostólico de Díli e Nobel da Paz.

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