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Papa convida fiéis a conhecerem as “passwords” do seu coração

05 out, 2022 - 09:47 • Aura Miguel

Segundo Francisco, conhecer-se a si próprio não é difícil, mas é cansativo, porque “implica um paciente trabalho de escavação interior".

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Até a vida espiritual tem as suas “passwords”. A mensagem foi deixada pelo Papa esta manhã, na Praça de São Pedro, no Vaticano.

Francisco, que tem dedicado as últimas audiências-gerais ao tema do discernimento, salientou a importância do “conhecimento de si”, pois “muitas vezes não sabemos discernir porque não nos conhecemos suficientemente a nós próprios e nem sequer queremos conhecer-nos como verdadeiramente somos”. E, por vezes, “até nos escondemos por detrás de uma máscara, não só perante os outros, mas também quando nos olhamos ao espelho”.

O Santo Padre explicou ser preciso parar e “desativar o piloto automático”, para “tomar consciência da nossa maneira de agir, dos sentimentos que nos habitam, dos pensamentos recorrentes que nos condicionam, muitas vezes sem o sabermos”. No fundo, conhecer-se a si próprio não é difícil, mas é cansativo porque “implica um paciente trabalho de escavação interior”, acrescentou.

O Papa jesuíta também esclareceu que se deve distinguir as emoções das faculdades espirituais. Ou seja, “sinto” não é a mesma coisa que “estou convencido”; “apetece-me” não é a mesma coisa que “desejo”.

Para ajudar a discernir, Francisco também recorreu à linguagem da tecnologia da informática: “sabemos como é importante conhecer as passwords para poder entrar nos programas em que se encontram as informações mais pessoais e preciosas. Até a vida espiritual tem as suas “passwords”: há palavras que tocam o coração, porque remetem para aquilo a que somos mais sensíveis”, explicou o Papa. "O tentador, que é o diabo, conhece bem estas palavras-chave, e é importante que também nós as conheçamos, para não nos encontrarmos onde não gostaríamos”.

O Papa deixou ainda um alerta para certas opções ilusórias que nos hipnotizam, "que não podem cumprir o que prometem, deixando-nos no final com uma sensação de vazio e de tristeza”. E deu exemplos: pode ser “o título de estudos, a carreira, os relacionamentos, tudo em si louvável”, mas “se não formos livres, corremos o risco de nutrir expectativas irreais como, por exemplo, a confirmação do nosso valor”.

Destes mal-entendidos, “derivam com frequência os maiores sofrimentos, dado que nada disto pode ser a garantia da nossa dignidade”, alerta o Papa. “Por isso, é importante conhecer-se, conhecer as passwords do nosso coração, aquilo a que somos mais sensíveis, para nos protegermos de quem se apresenta com palavras persuasivas para nos manipular, mas também para reconhecer o que é realmente importante para nós, distinguindo-o das modas do momento ou de slogans vistosos e superficiais”.

No final da audiência, Francisco deixou, uma vez mais, um novo apelo de oração pela paz na Ucrânia: “Não nos esqueçamos de rezar pela martirizada Ucrânia, pedindo sempre ao Senhor o dom da paz”.

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