13 out, 2022 - 11:31 • Olímpia Mairos
O cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado da Santa Sé, defende que a trégua na guerra da Ucrânia é plausível, necessária e urgente.
Em entrevista exclusiva à revista “Famiglia Cristiana”, publicada esta quinta-feira, comenta e relança os últimos apelos do Papa Francisco sobre a guerra na Ucrânia.
“Apenas os 'regimes de paz' podem garantir um futuro para a humanidade. Se os interesses partidários, a violência, a prevaricação, a colonização económica e ideológica, a lei dos mais fortes – ou seja, os ‘padrões de guerra’ – prevalecerem, estamos destinados a não ter futuro”, adverte.
E, segundo o cardeal Parolin, “a paz é construída sobre justiça e a lei”, explicando que “não há paz sem justiça, mas não há justiça sem perdão, como são João Paulo II nos lembrou no início deste novo milênio”.
“Não estou em posição de dizer que paz é possível. Só sei que sem passos concretos por parte de todos corremos o risco de cair numa espiral sem retorno, com consequências catastróficas”, adverte.
No entender do secretário da Santa Sé, “a trégua, para acabar com o disparo das armas, os bombardeamentos, a destruição, é um primeiro passo necessário”, destacando que “esta etapa também deve ser acompanhada e promovida por gestos não de ameaça, mas de confiança e boa vontade, que criam condições para o diálogo e abrem caminho para as negociações”.
“O Papa foi claro sobre isso. Infelizmente, quase nos acostumamos com as notícias sobre a guerra: não só considero a trégua plausível, como considero necessária e urgente. Esperamos e rezamos para que o apelo de Francisco seja ouvido!”, diz.
Questionado sobre um possível encontro entre o Papa Francisco e o Patriarca Kirril, o cardeal Parolin assegura que “apesar das dificuldades, as portas permanecem abertas e o diálogo não é interrompido, mesmo que encontre mal-entendidos”.
“Por parte da Santa Sé, o desejo nunca faltou, mesmo que as circunstâncias o tenham impedido de se tornar realidade. Percebemos que também por parte da Igreja Ortodoxa existe este desejo”, diz.
Nesta entrevista, o secretário de Estado aborda ainda “a tragédia da Síria, do Iêmen, do Tigray, a escalada das tensões no Extremo Oriente”
“Mesmo se alguns conflitos são menos divulgados, não há guerra menos dolorosa que outras, não há vida que tenha menor valor”, alerta.