17 out, 2022 - 19:00 • Ecclesia
O Papa dirigiu esta segunda-feira uma crítica à mercantilização dos bens alimentares, numa mensagem dirigida ao Fórum Mundial da Alimentação promovido pela FAO.
“A alimentação é fundamental para a vida humana. De facto, participa da sua sacralidade e não pode ser tratada como qualquer mercadoria. Os alimentos são sinais concretos da bondade do Criador e frutos da terra”, referiu, num texto espanhol, lido aos participantes na iniciativa promovida pela Organização para a Alimentação e a Agricultura da ONU.
Francisco deixou um elogio a todos os que “se comprometem e se esforçam todos os dias para erradicar a fome e a pobreza no mundo”.
“A nossa primeira preocupação deve concentrar-se no ser humano como tal, considerado na sua integridade e levando em conta as suas necessidades reais, em particular aquelas que carecem do sustento básico para a sobrevivência”, indicou.
"Respeitar os alimentos e dar-lhes o lugar preeminente que ocupam na vida humana só será possível se, além da preocupação com a sua produção, disponibilidade e acesso, bem como com as medidas técnicas do comércio agrícola, tomarmos consciência de que são um dom de Deus do qual somos meros administradores”.
Esta segunda-feira, o Papa recebeu no Vaticano cerca de 50 empresários espanhóis, que incentivou a transformar “o rosto da economia com criatividade, para que ela possa estar mais atenta aos princípios éticos”.
“A vossa atividade está a serviço do ser humano, não só de poucos, mas de todos, especialmente dos pobres”, declarou, numa intervenção divulgada pela sala de imprensa da Santa Sé.
Numa audiência às associações de jovens empresário(...)
Francisco apresentou preocupações sobre a guerra e a crise ambiental, pedindo uma nova relação entre economia e finanças.
“A conversão económica será possível quando vivermos uma conversão do coração; quando formos capazes de pensar mais nos necessitados; quando aprendermos a colocar o bem comum antes do bem individual; quando entendermos que a falta de amor e justiça nas nossas relações são consequências de uma negligência da nossa relação com o Criador, e isso também se repercute na nossa Casa comum”, disse.
No Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, o Papa defendeu que a “miséria deve ser combatida”, destacando que os empresários têm “bons instrumentos” para isso, “como a possibilidade de criar empregos”.
“Temos um remédio para combater a doença da miséria: o trabalho e o amor pelos pobres. Sejam criativos no planeamento do trabalho, sejam criativos e isso dará muito mais força”, sublinhou.