31 out, 2022 - 21:02 • Henrique Cunha com redação
Em declarações à Renascença, o padre Alfredo Gonçalves defende que "as igrejas devem fazer todos os esforços para chamar à reconciliação, pelo bem-estar do maior número de pessoas".
Antes de tudo, essa divisão ao meio deve ser bem entendida. Não se trata exatamente de uma polarização equivalente como parte da comunicação social e do público tenta mostrar. Em lugar de dois "polos", o que se observa são duas visões da prática política. De um lado, o total desrespeito às regras do processo democrático, desrespeito acentuado no próprio processo eleitoral.
De outro lado, a tentativa de retornar à normalidade democrática, sob as diretrizes da Constituição. Neste sentido, não podemos colocar em pratos iguais da balança o fascismo populista e a busca por uma democratização necessária e urgente. A equivalência pode ser uma armadilha perigosa.
Penso que a resposta mais efetiva e seguir alargando o leque de representatividade, já demonstrado pelo candidato Lula, em vista de uma governabilidade com mais inclusão e participação.
Movimentos sociais, igreja, entidades, associações e organizações em geral têm aí uma tarefa conjunta e solidária. Não se trata de um combate igualitário entre duas forças, e sim de um combate entre as regras democráticas e a subversão de tais regras em favor dos privilégios da extrema-direita.
A religião, em geral, e a igreja católica ou as igrejas pentecostais, em particular, tiveram papel relevante em todo processo eleitoral. Por parte de Bolsonaro, houve uma tentativa deliberada de manipular e instrumentalizar a fé em troca de votos. Nesse ponto, Lula se mostrou mais discreto e respeitoso.
Neste momento creio que as igrejas devem fazer todos os esforços para chamar à reconciliação pelo bem-estar do maior número de pessoas.
“Vamos erguer a cabeça"
Numa publicação no Twitter, Flávio Bolsonaro agrad(...)
Trata-se de temperar a política com um toque de ética, levando em consideração as necessidades básicas e inadiáveis da população de baixa renda: políticas públicas de saúde, emprego, educação, segurança, meio ambiente, entre outras.
Creio que é hora de contar com todas as forças vivas e ativas da sociedade numa espécie de pacto pela nação. A campanha do Lula, pela sua composição, já apontava para isso. Agora é o caso de ampliar esse leque de protagonistas, envolvendo não apenas o PT, mas outras forças políticas, como disse o presidente eleito
Na verdade, é difícil encontrar algum grau de dignidade no mandato de Bolsonaro. Já se passaram quase 20 horas da vitória de Lula, e nada de Bolsonaro admitir a derrota e criar um gabinete de transição, gabinete que é uma exigência da Constituição.
Enquanto várias autoridades internacionais e vários políticos nacionais, inclusive bolsonaristas, já enviaram seu reconhecimento, Bolsonaro persiste num silêncio um tanto quanto sinistro. Impossível saber quando e como Bolsonaro vai reagir ao resultado das eleições. Mas a incerteza e a falta de transparência geram um clima de insegurança.
Onde não há suficiente luz, surgem as sombras e os fantasmas. De qualquer forma, Lula já trabalha para compor o próximo governo, independentemente do que fará Bolsonaro. Esses dois meses de transição são decisivos para evitar traumas mais profundos e, voltando ao tema, para evitar aprofundar o fosso entre criando na sociedade brasileira.