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​“Calem-se as armas!”. O triplo apelo do Papa na chegada ao Bahrain

03 nov, 2022 - 17:12 • Aura Miguel

O Papa Francisco pediu nesta quinta-feira às autoridades do Bahrain que renunciem à pena de morte e assegurem que os direitos humanos básicos sejam garantidos para todos os cidadãos.

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No seu primeiro discurso no Bahrain, o Papa Francisco falou de fraternidade e encontro entre religiões e culturas, sem rivalidades nem contraposições, para “trabalharmos juntos, em prol da esperança”.

Nesta visita ao Bahrain que teve início hoje e decorre até domingo, Francisco referiu-se, com veemência, “à realidade monstruosa e insensata da guerra, que semeia por toda a parte destruição e erradica a esperança”.

Perante as autoridades políticas e civis deste país islâmico, o Papa sublinhou que "na guerra, aparece o lado pior do homem: egoísmo, violência e mentira”, porque “qualquer guerra, representa também a morte da verdade”.

E deixou um convite: “Rejeitemos a lógica das armas e invertamos o rumo, transformando as enormes despesas militares em investimentos para combater a fome, a falta de cuidados sanitários e de instrução”.

Francisco manifestou a sua tristeza por tantas situações de conflito, nomeadamente na Península Arábica. “Dirijo um pensamento especial e sentido ao Iémen, martirizado por uma guerra esquecida que, como qualquer guerra, não leva a nenhuma vitória, mas apenas a amargas derrotas para todos".

E lançou um triplo apelo: “Recordo na oração sobretudo os civis, as crianças, os idosos, os doentes, e imploro: calem-se as armas, calem-se as armas, calem-se as armas, empenhemo-nos por toda parte e de verdade em prol da paz!”

Ainda neste discurso, o Santo Padre manifestou a sua preocupação pelo crescimento em larga escala da indiferença e mútua suspeita, de rivalidades e contraposições e de “populismos, extremismos e imperialismos que põem em perigo a segurança de todos”.

Como alternativa, Francisco propôs um reforço de convivência humana e fraternidade: “não deixemos evaporar-se a possibilidade do encontro entre civilizações, religiões e culturas, não permitamos que sequem as raízes do humano! Trabalhemos juntos, trabalhemos em prol do todo, em prol da esperança!”, afirmou.

Citando a Constituição do país, considerou essencial que a proclamação da tolerância e da liberdade religiosa se verifique na prática, com “igual dignidade e paridade de oportunidades”, no concreto da vida, “para que não haja discriminações e os direitos humanos fundamentais não sejam violados, mas promovidos”.

Francisco apela ao fim da pena de morte

O Papa Francisco pediu nesta quinta-feira às autoridades do Bahrain que renunciem à pena de morte e assegurem que os direitos humanos básicos sejam garantidos para todos os cidadãos ao chegar ao reino liderado por sunitas, acusado por grupos de direitos humanos de discriminação sistemática contra sua maioria xiita.

Com o rei Hamad bin Isa Al Khalifa ao seu lado, Francisco também instou a nação do Golfo Árabe a garantir condições de trabalho “seguras e dignas” para seus trabalhadores imigrantes, que há muito enfrentam abuso e exploração nas indústrias de construção, extração de petróleo e serviços domésticos da ilha.

Amanhã, o Papa participa no “Fórum para o Diálogo e Coexistência Humana”, organizado pelo Rei do Bahrain.

No final, Francisco profere o discurso de encerramento. Destaque também, na agenda desta sexta-feira, para o encontro privado com o Grande Imã da Universidade de Al-Azhar, do Cairo e, mais tarde, com os membros do Conselho Muçulmano de Anciãos, na Mesquita so Palácio Real.

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