03 nov, 2022 - 02:10 • Aura Miguel
Além da capital, Manama, o Papa vai, também, à cidade de Awali onde, em 2021, foi consagrada uma catedral de Nossa Senhora da Arábia, padroeira do Golfo Pérsico, a única catedral católica naquela zona esmagadoramente muçulmana. No estádio desta cidade, Francisco também celebra missa para alguns milhares de católicos, todos eles estrangeiros, sobretudo trabalhadores emigrantes e pessoal diplomático.
Neste país de maioria xiita, o Rei do Bahrain, Hamad bin Isa al-Khalifa tem manifestado abertura às necessidades da comunidade católica local e foi, de resto, ele quem convidou Francisco.
Contudo, há dias, surgiu um apelo de alguns académicos, prisioneiros de consciência, que pedem ao Papa que condene as injustiças no Bahrein e pressione as autoridades a respeitarem os direitos humanos.
A visita do Papa ao Bahrein “é um sinal de unidade num momento particularmente delicado, complexo e, de certa forma, também trágico da nossa história”, afirmou o Cardeal Pietro Parolin numa entrevista ao portal dos media da Santa Sé. “É um convite ao diálogo, um convite ao encontro entre Oriente e Ocidente, numa realidade, como a do Bahrein, que é uma realidade multi-étnica, multicultural e multi-religiosa”.
O Secretário de Estado do Vaticano, que acompanha o Papa nesta viagem, considera-a “uma mensagem de unidade , de coesão e de paz, num mundo caracterizado por tensões, contrastes e conflitos”.
Para Parolin, esta nova etapa de Francisco insere-se na linha das visagens anteriores ao Cazaquistão, Iraque, aos Emirados Árabes Unidos, Marrocos, Egito e Azerbaijão. Países muçulmanos que o Papa visita para demonstrar que "entre Deus e o ódio, entre religião e violência, existe uma incompatibilidade absoluta, uma impossibilidade de qualquer contato e conciliação, porque quem aceita o ódio e a violência distorce a própria natureza da religião".
O objetivo do Papa é convidar todos a uma “profunda purificação” e, ao mesmo tempo, “demonstrar que as religiões podem eliminar mal-entendidos e serem sempre fatores de reconciliação, de paz, de coesão e harmonia”, afirmou.
Monsenhor Paul Hinder, é o administrador apostólico desta região da Arábia do Norte. O prelado esclarece que, apesar de o Islão ser a religião oficial e vigorar a lei da Sharia (sistema jurídico islâmico baseado nos preceitos religiosos do Corão), “os cristãos e adeptos de outras religiões gozam de liberdade de culto”.
Hinder refere que o reinado de Al-Khalifa “promove uma política tolerante, aberta ao diálogo inter-religioso, como se verifica, entre outras coisas, pelo facto de o Reino acolher vários locais de culto não-muçulmanos, incluindo duas paróquias cristãs”.
A Igreja Católica no Bahrein conta com cerca de 80 mil fiéis, todos estrangeiros.
A sua atividade pastoral inclui algumas iniciativas de caridade, realizadas por grupos e associações paroquiais e a Igreja também administra uma escola.