04 nov, 2022 - 07:59 • Aura Miguel
O Papa Francisco alerta, no Bahrain, que “andamos a brincar com o fogo”. Enquanto a maior parte da população mundial vive graves crises alimentares, ecológicas e pandémicas, “uns poucos poderosos concentram-se numa luta por interesses de parte e desenterram linguagens obsoletas, redesenhando áreas de influência e blocos contrapostos”.
No encerramento do Fórum sobre Diálogo e Convivência Humana, Francisco mostrou-se apreensivo com o atual paradoxo do que se passa no mundo.
“Tem-se a impressão de assistir a uma cena dramaticamente infantil: no jardim da humanidade, em vez de cuidar do todo, brincamos com o fogo, com mísseis e bombas, com armas que provocam pranto e morte, cobrindo a casa comum de cinzas e de ódio.”
O Papa sublinhou que “o homem religioso, o homem de paz, opõe-se também à corrida ao rearmamento, aos negócios da guerra, ao mercado da morte. Não sustenta alianças contra ninguém, mas caminhos de encontro com todos”. Por isso, “não basta dizer que uma religião é pacífica, é preciso condenar e isolar os violentos que abusam do seu nome. E não basta sequer distanciar-se da intolerância e do extremismo, é preciso agir em sentido contrário”.
Citando o Documento sobre a Fraternidade Humana, assinado em Abu Dhabi, em 2019, reafirmou ser “necessário interromper o apoio aos movimentos terroristas através do fornecimento de dinheiro, de armas, de planos ou justificações e também da cobertura mediática, e considerar tudo isto como crimes internacionais que ameaçam a segurança e a paz mundial”.
O Papa delineou três desafios que poderão ajudar no caminho tão desejado da paz e convivência universal: oração, educação e acção. E, neste contexto, destacou outras três urgências educativas, para se viver em tolerância e respeito mútuo: “o reconhecimento da mulher na esfera pública, a tutela dos direitos fundamentais das crianças e a educação para a cidadania, baseada na igualdade dos direitos e dos deveres”.
E, neste caminho, há ainda uma premissa indispensável: a liberdade religiosa. Francisco reafirmou que “não basta conceder autorizações e reconhecer a liberdade de culto; é preciso alcançar a verdadeira liberdade de religião. E não só cada sociedade, mas também cada credo são chamados a examinar-se sobre isto”.